*por
Robert Braga
A robotização é um dos pilares mais inovadores e
polêmicos da Indústria 4.0 e consiste no processo de automatização de tarefas
repetitivas, substituindo pessoas por robôs. Apesar de existir debates sobre o
impacto social gerado por este processo, são irrevogáveis os benefícios
providos pela utilização desta tecnologia, destacando-se o aumento da
produtividade, da precisão e da acurácia da tarefa, da diminuindo drasticamente
o impacto de absenteísmo na produção e, principalmente, a retirada de pessoas
de áreas perigosas e insalubres.
Nos parques fabris atuais, a maior parte dos
robôs industriais limitam-se a braços articulados com ferramentas específicas
em sua ponta - garras, soldas, aplicador de cola e medidores - com controle de
movimento espacial tridimensional. Nos últimos anos, com a avanço tecnológico,
chegaram os robôs colaborativos, que permitem o compartilhamento de um mesmo
ambiente com pessoas.
O segundo tipo mais utilizado de robôs
industriais são os veículos autoguiados, os famosos AGVs (Automated Guided
Vehicle), que se deslocam entre pontos pré-programados de forma autônoma,
utilizando visão computacional, lasers, ondas de rádio, ímãs ou seguindo linhas
ou fios marcados no chão da fábrica.
Mas nem só de hardware são feitos os robôs. Uma
modalidade de robôs que está ganhando cada vez mais uso são os RPAs (Robotic
Process Automation). Tratam-se de softwares contendo rotinas automáticas para
executar tarefas repetitivas anteriormente executadas por usuários de
softwares. Eles contemplam desde repetições de fluxo de trabalho, como as
macros em planilhas eletrônicas, até sistemas de BI (Business Intelligence)
utilizando Inteligência Artificial para tomadas de decisões automáticas.
Porém, dentre tantos tipos de robôs, qual é o
melhor? Qual devo escolher? A resposta é bem simples: depende. O foco sempre
precisa estar na solução de uma demanda, sendo a tecnologia um mero
viabilizador ou facilitador. Para cada demanda, um tipo de robô ou combinação
de tipos é recomendada e, geralmente, eles são apenas parte da solução
completa. Existem várias tecnologias com níveis crescentes de complexidade,
incluindo chatbots, preenchimento de campos com OCR (Optical Character Reader),
entre outros.
Tomando como exemplo um colaborador que precisa
transitar em corredores estreitos entre bobinas metálicas com temperaturas
acima de 300 ºC para realizar medições de temperatura, vamos pensar em quais
soluções podemos desenvolver para melhorar este cenário. Primeiramente,
imaginamos o desconforto ergonômico pelo espaço confinado e pelo peso extra e
calor gerados pela utilização de EPIs de proteção térmica, além da exposição a
riscos de contato com as bobinas e à queda de cargas suspensas por pontes
rolantes.
Uma solução para este processo de tamanha
periculosidade seria a construção de AGVs (Automatic guided Vehicle)
transitando entre as bobinas. Cada AGV possui termopares para realizar a
medição de temperatura das bobinas. O sequenciamento de bobinas tem a
temperatura medida pelo Sistema de Gerenciamento de Vãos de Bobinas e é enviado
até os AGVs via Wi-Fi, que também é utilizada para enviar as medições
realizadas pelos AGVs ao Sistema de Gerenciamento de Vãos de Bobinas em tempo
real. Resumindo, cria-se uma solução simples mesclando três pilares da
Indústria 4.0: Robótica, Internet das Coisas (IoT) e integração de sistemas.
Como o foco principal desta atividade é a
segurança, a solução possibilita a retirada do colaborador desta condição
periculosa e permite seu realocamento em outros processos. Outra vantagem na
automatização é que, com um quadro maior de operadores, o revezamento entre
eles fica maior, diminuindo a fadiga e aumentando a produtividade e satisfação
do grupo. Adicionalmente, os erros de medição da temperatura das bobinas podem
diminuir em 20% e o tempo das medições em 80%, além de aumentar a
confiabilidade dos dados.
A utilização de robótica pode solucionar inúmeras
demandas de forma satisfatória, aumentando o valor agregado da solução quando
integrada às demais tecnologias. O importante é desenhar um projeto que, de
fato, entenda as necessidades dos processos que precisam ser melhorados. A
partir daí, a tecnologia é um passo inevitável, que deve ser bem coordenada
para ser acertada!
*Robert Braga é gerente
comercial de Metal & Mining da Engineering, companhia global de Tecnologia
da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital