Por Waldir Rodrigues Júnior
A crescente demanda do
mercado por inovação faz com que as unidades de negócios das organizações
exijam cada vez mais da área de TI. Com isso, a gestão das aplicações, também
conhecida como AMS (Application Management Services), passa a ter um papel fundamental
e diferencial na cadeia de valor da área de TI. O foco que antes era apenas em
desenvolvimento de novos projetos e manutenção da disponibilidade das
aplicações, passa a incluir uma visão consultiva de maturidade e gestão de
serviços para a busca de projetos de transformação empresarial.
O cenário
para a adoção deste serviço é amplo. Quando uma empresa que gerencia suas
aplicações sem nenhum processo estruturado resolve realizar uma mudança na sua
governança, de certo, terá que despender de um esforço gigantesco para promover
este movimento. O meio mais rápido para se atingir essa transformação é buscar
apoio em uma empresa especializada, que traga já metodologia e processos
de gestão capazes de promover mudanças gerenciais e até culturais.
Nas
companhias mais maduras, o AMS será o impulsionador para que a TI apoie as
áreas de negócios, pois se o grande desafio dos CIO´s é atender esses
departamentos com prazo, qualidade, eficiência e custo, as equipes de TI
precisam estar focadas nessas demandas. E isso passa a ganhar grande foco
quando a gestão da operação é direcionada para um parceiro especialista,
liberando a equipe de TI para estar próxima ao negócio. Enquanto isso, os
recursos de TI permanecem disponíveis para atendimento das necessidades do negócio
por meio de uma empresa especialista em AMS, que toma conta da operação e da
evolução do ambiente, otimizando custos operacionais.
Num
cenário mais crítico, em que uma grande organização não consiga atender por
completo todas as requisições vindas das áreas de negócios, seja por limitação
de orçamento ou de pessoal, o time de AMS pode entrar em cena para evitar
contratações paralelas de sistemas pelos departamentos. Como? Disponibilizando
frameworks de gestão de aplicações para as diferentes áreas. Isso permitirá que
necessidades não pontuais entrem num plano de implementações futuras,
possibilitando que esses sistemas sejam integrados às aplicações centrais da
empresa com governança, mesmo que partam de iniciativas isoladas do negócio.
Mas, de
certo, o que mais nos deparamos é com o conflito entre manter o ambiente
disponível e estável versus o movimento de desenvolvimento para a inovação do
negócio. Esta relação pode ocasionar um estrangulamento na liberação de novas
aplicações ou funcionalidades para o apoio às áreas. A orientação para gerir
corretamente este impasse é implantar uma metodologia robusta de entregas de
pacotes, que atendam a necessidade de demanda. Ou seja, não adianta apenas
desenvolver projetos de inovação. É preciso garantir que eles funcionem.
Na
prática, enquanto a equipe de projetos precisa entender as necessidades de
negócios e trazer inovação a partir do desenvolvimento de sistemas, o time de
operações tem a responsabilidade de manter essas aplicações disponíveis a
partir de um ambiente estável. Para a área de projetos, quanto mais projetos
liberados, mais necessidades de negócios atendidas. Para operações, quanto mais
projetos liberados, mais dificuldades para absorver e suportar. Para eliminar
essa lacuna entre projetos e operação, o conceito de DevOps pode trazer
agilidade devido ao alinhamento entre as equipes.
Na esfera
de integração de equipes, é importante também lembrar da necessidade de
alinhamento entre sistemas e infraestrutura. Um projeto de AMS bem implantado e
bem sucedido pode apoiar as empresas, garantindo não somente a estabilidade e a
disponibilidade do ambiente, que precisa ser robusto e escalável, como também
orientando sobre a correta construção de uma aplicação. Além desse suporte,
cabe à equipe de AMS monitorar as aplicações e a infraestrutura a fim de
promover a antecipação de problemas antes mesmo que os usuários percebam.
Fica
claro diante de todos esses exemplos que a gestão do AMS vai além da
administração das aplicações, algo que, por si só, já seria complexo. Quando
falamos em melhores práticas de AMS estamos indo além deste conceito e falando
de uma prestação de serviços que identifique o momento atual do cliente e as
mudanças nos direcionamentos do negócio.
Um contrato de AMS bem sucedido deve ter visibilidade perene
junto ao cliente, mas isso não acontece sem a adaptação aos movimentos
estratégicos e sem um processo de governança, que direcionará como a empresa
que administra o AMS gerenciará seus serviços, bem como determinará a sua
participação na cadeia de valor das áreas de negócio, sugerindo melhorias e
inovações para o cliente.
Waldir Rodrigues
Júnior é diretor
de outsourcing da Sonda IT, maior integradora latino-americana de soluções de
Tecnologia da Informação.