Bruno
Giannella de Melo*
Uma
coisa que não podemos mais negar é o impacto do surgimento de diversas Fintechs
no Brasil e no mundo. O aparecimento dessas startups vem causando uma
transformação gigante no mercado financeiro. O termo 'Fintech' surgiu da
combinação das palavras financial (finanças) e technology
(tecnologia). Essas startups estão sendo muito bem recebidas pelos consumidores
cansados da burocracia e estrutura das tradicionais instituições financeiras.
Hoje,
os bancos possuem em seus sistemas uma quantidade enorme de informações
financeiras de seus clientes, como por exemplo, movimentações financeiras,
qualidade de crédito, tendência de renda, entre outros dados. Grande parte
desse conteúdo acaba não sendo aproveitado pelos bancos, mas isso não significa
que ninguém quer esses dados. As Fintechs têm muito interesse nessas
informações para unir criatividade e tecnologia e, assim, criar produtos com
propostas mais rápidas e ágeis de serviços financeiros. No Brasil temos
bons exemplos de Fintechs como a startup Guia Bolso, que fornece um aplicativo
de controle financeiro e o NuBank, empresa que desenvolveu um cartão de crédito
totalmente online.
O
movimento Open Banking, que começou em 2004 quando a empresa PayPal permitiu
que outras empresas pudessem se conectar e eles e ter acesso a algumas
informações de seu negócio através de API’s (Application Programming Interface)
é o principal responsável pelo ‘boom’ das Fintechs, permitindo a colaboração
entre as instituições financeiras e as fintechs.
Neste
conceito, os bancos fornecem informações de seus clientes para as Fintechs de
forma segura e mantendo a privacidade de dados sensíveis, possibilitando o
crescimento de serviços financeiros inovadores e a geração de riqueza para
todos os envolvidos. Resumindo, basta que as instituições financeiras liberem
alguma interface ou API para que outros desenvolvedores,
parceiros, empresas de softwares e Fintechs consigam se conectar, ter
acesso as informações financeiras da instituição e criarem seus próprios sistemas
e produtos. Na prática, API é a consulta a dados e operações através de
serviços expostos. A chave para a inovação que as Fintechs estão proporcionado
e mostrando ao mundo é justamente graças às API’s disponibilizadas pelas
instituições financeiras tradicionais. Alguns bancos já têm iniciativas de
API’s mais desenvolvidas, que permitem desenvolvedores se cadastrarem no site
da instituição e, assim, acessar dados para criar soluções em nome da
instituição.
O
Open Banking no Brasil ainda está começando, as instituições financeiras estão
aos poucos liberando algumas API’s para acesso a seus dados. Um bom exemplo no
Brasil é a Cielo, que está com o projeto de liberar API’s aos desenvolvedores
para criarem aplicativos em sua própria loja de apps, a “Cielo Store”.
Na
Europa esse movimento já está acontecendo, como no caso do banco francês Credit
Agricole, que lançou um conjunto de API’s abertas que possibilitam
desenvolvedores produzirem aplicativos com suas informações. O banco libera
informações sobre as contas bancárias, cartões de crédito, produtos, saldo e
extrato e localização de agências e ATM’s. Uma coisa interessante no caso da
Europa é que existe o padrão PSD2, que é utilizado também para o movimento Open
Banking e ajuda muito os bancos a criar um ecossistema de valor.
O
futuro para as Fintechs é bem promissor e os consumidores podem esperar grandes
novidades. Os bancos estão iniciando a jornada de transformação digital e com
isso vem o desenvolvimento de API’s e também a integração direta com seus
parceiros. Os usuários cada vez mais desejam uma experiência digital completa,
com as instituições financeiras integradas à sua jornada digital. As
instituições financeiras que não mergulharem de cabeça nessa transformação
digital nos próximos anos com toda certeza terão grandes problemas para se
manter no mercado.
*Bruno Giannella de
Melo é arquiteto de software da GFT, companhia de Tecnologia da Informação
especializada em Digital para o setor financeiro