Segurança pública: por onde o novo presidente deve começar?

por Carlos Guimar*

Um dos eixos que levou Jair Bolsonaro à presidência foi o tema segurança pública, assunto que está entre as maiores expectativas do brasileiro para o próximo ano. Com o fim das eleições e os ânimos acalmados, é hora de começar a colocar em prática todo o acalorado debate que se fez em torno da segurança pública.
Em primeira instância, o tom das propostas deverá ser racional com movimentos estratégicos e meticulosamente pensados para proporcionar integridade e bem-estar à sociedade. As medidas devem ser seguidas e analisadas em diferentes aspectos, pois tanto a população quanto a iniciativa privada, têm sofrido pela insegurança.
Dentre os efeitos imediatos, mesmo que ainda não se tenha o poder constituído nas mãos para as mudanças, é fundamental que nesta fase de transição o direcionamento do novo presidente seja forte. Não se pode esperar a posse para começar os trabalhos. É urgente! Trata-se de vidas e, também, de prejuízos incalculáveis às empresas.
O cenário é caótico e vislumbro uma difícil tarefa a Bolsonaro. Isso porque o crime está de fato organizado. Para se ter uma ideia do tamanho do problema recentemente, a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) divulgou que uma quadrilha de traficantes especializada na intercepção de carga em toda cidade do Rio de Janeiro investiu R$ 4,5 milhões na compra de fuzis, pistolas, munição e carregadores.
No Brasil houve mais de 26.000 assassinatos dos chamados crimes violentos neste primeiro semestre de 2018. O Estado de São Paulo apresenta nos últimos anos uma média de 35 pessoas assaltadas por hora.
Seguindo nesta linha identificamos o porquê dos nossos indicadores de violência nos colocam em semelhança a países em estado de guerra. Pensando nisso, trago a minha experiência em projetos de segurança pública e privada para apontar medidas esperadas para este novo plano de governo.
Carlos Guimar

Apesar de serem apenas dez sugestões, são medidas básicas para tornar esta primeira fase mais assertiva. São elas:

1 - Especialistas nas chefias;

2 - Valorização e reconhecimento do profissional de segurança pública em todas as esferas;

3 - Ajustes das contas públicas e investimentos na área;

4 - Autonomia plena com aplicação forte e independente das corregedorias ou similares;

5 - Integração das forças com manutenção das atividades específicas. Aqui vale o adendo sobre a atenção para que as Polícias Federal, Militar e Civil cumpram o ciclo completo, permitindo melhor resultado no combate ao crime;

6 - Atuação forte na área de inteligência com investimentos em tecnologia e capacidade investigativa da polícia;

7 - Quebra da logística criminosa. Em especial um maior controle e fiscalização nas fronteiras por terra, céu e mar;

8 - Rastreamento do dinheiro financiador do crime;

9 - Emenda para endurecimento das leis criminais. Dentre as urgências aqui, a revisão ou extinção das audiências de custódia, tirando o sentimento atual de impunidade e, caso o marginal seja preso com arma de uso restrito ficará preso sem nenhum direito a progressão de regime;

10 - Políticas públicas para garantia das conquistas. Ocupação do terreno pelo Estado de direito com ações cívico sociais.

*Carlos Guimar é especialista em segurança e sócio-diretor da ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.