Por Daniel
Domeneghetti*
Janeiro de 2019 – A ampliação do direito de
possuir armas de fogo aponta novos rumos para o mercado de venda de armas no
Brasil. A expectativa, agora realidade decretada, do cidadão comum manter uma arma em casa ou no
trabalho - desde que o dono da arma seja o responsável pelo estabelecimento,
exigirá dos fabricantes de armas de fogo um posicionamento mercadológico mais
agressivo e consistente.
Saindo
de um circuito mais restrito, a venda e a produção de armas torna-se um nicho a
ser visto com relevância por investidores e consumidores, ainda mais que o
decreto prevê que, cumprindo os requisitos de "efetiva necessidade" a
serem examinados pela Polícia Federal, o indivíduo poderá portar até quatro
armas, limite este que poderá ser ultrapassado em casos específicos. Vemos que
isso vai criar, dessa forma, a mais pura lei da oferta e procura.
Daniel Domeneghetti |
Se
antes a venda de armas era para poucos, a partir do decreto de Bolsonaro, o
interesse da população cresce. Tal popularização obrigará as empresas
produtoras de armas a terem uma artilharia pesada (permitindo aqui o
trocadilho) para se sobressair neste novo ramo econômico. A abertura do mercado
de armas fará com que os fabricantes repensem suas estratégias de marketing,
seus posicionamentos nas redes sociais, seu diálogo sustentável com os
investidores, além, é claro, do relacionamento com o consumidor.
Neste
aspecto, as empresas terão de se basear em um papel focado para atender
clientes de personas indefinidas, porém com o anseio único de se protegerem da
violência urbana que assola o País há tempos. É preciso correr contra o tempo, uma vez que toda esta
movimentação curiosa da população já é assistida desde a campanha eleitoral de
Bolsonaro.
Vamos
falar da Taurus, por exemplo. A expectativa pela facilitação de vendas de armas
fez com os papeis da maior fabricante do País elevassem mais de 60% nos
primeiros dias de 2019. No final do ano passado, a disparada chegou a 150% em
ações preferenciais. Hoje, a realidade é outra. Os papéis da Taurus tiveram uma
desvalorização de mais de 20% na terça-feira, dia 15, quando Bolsonaro assinou
o decreto. Além da informação de que o governo prepara um estudo para a
abertura de mercado para a produção de armas no Brasil, outra especulação para
tal declínio da Taurus é a entrada de fabricantes estrangeiros no Brasil. Uma
possibilidade não muito remota frente ao viés liberal da gestão bolsonarista.
Estes
cenários nos dão a ideia de que a lei da oferta e da procura vai reger o
mercado de armas no Brasil. Entretanto, a batalha será demarcada na empresa que
conseguirá dialogar de maneira sustentável e efetiva com todos os seus stakeholders
diante da latente competitividade de um nicho que tem tudo para ganhar força
popular neste ano.
Mais seguros, aguardaremos as cenas dos próximos capítulos.
*Daniel Domeneghetti é especialista
em Marketing & Branding Strategy, Digital Practises Relacionamento com
Clientes e CEO da DOM Strategy Partners, consultoria 100% nacional focada em
maximizar geração e proteção de valor real para as empresas.