Meu funcionário voltou da Itália. E agora?


Por Victor Tubino*


Além de problemas no atraso ligados à entrega de mercadorias e possível redução de vendas, há outros impactos do coronavírus trazidos às empresas que mantêm relações comerciais diretas com a Itália. Um dos aspectos poucos difundidos até então na grande imprensa são os possíveis impactos que a doença traz no cotidiano das companhias, mais precisamente na relação com seus funcionários.

Com o avanço do vírus, que já matou mais de 900 pessoas desde o seu surgimento em dezembro, companhias brasileiras que mantém laços estreitos com operações em terras italianas precisam estar atentas quanto aos riscos existentes aos funcionários que estiveram no país europeu nos últimos 40 dias.

Diferente de cenários de catástrofes naturais, que são imprevisíveis, o coronavírus permite a realização de algumas ações preventivas de forma mais estruturada para que a performance da empresa não seja comprometida por conta da doença.

Vamos a elas:

1-    Avalie com os colaboradores quem esteve em alguma região da Itália afetada pelo vírus nas últimas quatro semanas, quem teve contato com pessoas que estiveram no País ou que está com viagem agendada para o local.  Veja qual área este colaborador faz parte e quais os impactos de uma possível ausência nas rotinas e nas estratégias do negócio. Ele pode fazer suas atividades de maneira remota ou precisa contratar um substituto temporário?  Vale aqui considerar as consequências de um pior cenário, que neste caso é o contágio em todo o departamento;

2-    Oriente sua equipe sobre formas de contágio e medidas de higiene preventivas. Mantenha a operação sempre limpa, disponibilizando álcool em gel, máscaras de proteção. Conte com pessoas da área de saúde para prestar informações corretas e assertivas;

3-    Defina responsáveis na empresa, como um Comitê de Crise, para avaliação conjunta dos cenários e alternativas de ação, considerando equipes multidisciplinares com a participação das áreas de Recurso Humanos e Segurança do Trabalho;

4-    Crie um canal oficial aberto voltado para tirar dúvidas ou para identificação de um potencial risco. É importante que as pessoas se sintam seguras no ambiente de trabalho para relatar a possível infecção;

5-    Dê o suporte ao colaborador infectado (ou exposto) e seus familiares. Preste apoio também junto as autoridades governamentais, de saúde e hospitais;

6-    Defina um plano de comunicação que abranja contato com as equipes internas, autoridades governamentais, imprensa e público geral em mídias sociais.

Tanto de forma preventiva quanto reativa é necessário monitorar com recorrência o cenário, revisitando as ações realizadas para que sejam efetivas nas potenciais mudanças.  Este monitoramento deve ser feito até que a situação esteja controlada. Atente-se!

*Victor Tubino é gerente sênior da prática de riscos e performance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.