por Rafael
Martins*
Abril de 2020 – As medidas de isolamento e
distanciamento social implementadas para conter o avanço do novo
Coronavírus (Covid-19) mudaram o comportamento do consumidor. Seguindo
essas recomendações, as pessoas recorreram às compras on-line para o abastecimento
diário de alimentos e outros produtos de consumo individual. Apesar do
cenário crítico e preocupante, a migração do hábito de compra para as
plataformas virtuais está provando ser um benefício e, ao mesmo tempo, um
desafio para varejistas e atacadistas distribuidores.
É possível que, com este movimento, o comércio
eletrônico se consolide como um dos alicerces da economia mundial nos próximos
anos. De acordo com o estudo ‘Impacto nos Hábitos de Compra e Consumo –
Como a pandemia mundial está transformando o comportamento do consumidor
brasileiro’ realizado pela Opinion Box, as categorias de serviços que mais
conquistaram novos usuários foram supermercado online (25%), plataformas de
ensino à distância (18%) e farmácia on-line (17%). Tal crescimento pode
representar uma abertura para novas formas de consumo que podem se estabelecer
também em períodos não emergenciais.
No gigante de marketplace Mercado Livre, por
exemplo, as categorias de alimentos e bebidas, saúde e cuidado pessoal
registraram, em março, um crescimento de 15% quando comparado a mês todo de
fevereiro deste ano e de 65% se comparado à primeira quinzena de março do ano
passado.
Varejistas e atacadistas já lidavam com as fortes
mudanças para o ambiente on-line nos últimos anos e o coronavírus
impulsionou ainda mais todo esse processo de transição, impactando nos
relacionamentos entre empresas
destes segmentos, que geralmente estão alinhados com questões de
fornecimento, planejamento de demanda etc. Atualmente, muitas negociações
ocorrem no universo on-line com apoio de chamadas de vídeo ou de voz,
tornando-se ainda mais dinâmicas. Diante disso, a conectividade e os dados
em tempo real passam a ser essenciais para visualizar a cadeia de suprimentos
de ponta a ponta e fazer as alterações necessárias ao processo de negócios
on-line.
Neste cenário, os atacadistas desempenham um
papel extremamente importante no ciclo de vida do produto, porém,
historicamente, têm sido atrasados quando se trata de adotar avanços
tecnológicos mais recentes. Avaliar e investir em tecnologia que permita uma
percepção em tempo real e a adaptabilidade às mudanças deve ser uma prioridade.
Aqueles que são ágeis o suficiente para antecipar e executar alterações na cadeia
de suprimentos estarão mais aptos a absorver as restrições globais de
disponibilidade de produtos e obter maior sucesso em longo prazo.
As mudanças operacionais específicas exigidas são
vastas, englobando questões urgentes e abrangentes de continuidade do
fornecimento, distribuição e logística, evolução do relacionamento com os
clientes, entre outras. O surto também destaca a importância da preparação,
resposta rápida, aprendizado contínuo, adaptação e comunicação no planejamento
de contingência. E, acima de tudo, a segurança dos funcionários, clientes e
parceiros de negócios é e continuará sendo a maior prioridade. Aprender com
essa pandemia tornará as empresas mais resilientes após choques externos
futuros, como crises econômicas e desastres naturais.
* Rafael Martins é CEO do Grupo Máxima, líder
em soluções de força de vendas, trade marketing e logística para a cadeia de
abastecimento.