Impactos do e-commerce no Brasil

Por Sérgio Castro

Com a taxa prevista de crescimento do e-commerce em 30% ao ano e a do varejo tradicional de 5%, o e-commerce, que em 2010 representou aproximados 4% do varejo no Brasil, somará participação de 8% em 2015, ou seja, o dobro da participação atual. Alguns segmentos de mercado como eletrodomésticos, informática, cama-mesa-banho, presentes, livros, CD’s, DVD’s e calçados já mantêm importante participação no e-commerce ou está expandindo rapidamente.
Porém, outros segmentos ainda estão parcialmente ou totalmente fora do e-commerce como, por exemplo, o setor de autopeças e materiais de construção. A tendência a médio e a longo prazos é que praticamente nenhum segmento do varejo esteja ausente das vendas por meio da web. O varejo online tem uma lógica como negócio diferente do varejo físico, em que é possível destacar três pontos.
O primeiro é que o conceito de classe social que é muito atrelado à localização física da loja é muito mais tênue no mundo online. O segundo ponto é que não há limitação física de exposição, permitindo assim trabalhar com um volume maior de itens e linha de produtos, serem eles próprios ou de parcerias.
E, por último, diferente das lojas físicas onde a expansão ocorre principalmente por abertura de novas com o aumento proporcional dos custos, o crescimento do varejo no e-commerce ocorre em uma única loja eletrônica, conhecida como plataforma, com escala de redução de custos, principalmente os fixos, mas também os variáveis, como o custo do uso de banda que é decrescente conforme o crescimento do volume. Está é a principal característica do e-commerce, que pela lógica econômica, o torna sério candidato a canal dominante de vendas daqui algumas décadas.
Muitos fabricantes, principalmente os grandes, em parcerias com varejistas ou sozinhos, tendem a incrementar suas vendas diretas pelo canal eletrônico porque os ganhos tributários, que são os custos de vendas e apropriação de margem, são muito significativos. A logística, inclusive a reversa, tende a ser terceirizada.
Outro fator importante para levar os fabricantes a ficarem tentados a vender direto é que concentrando suas vendas no online sua percepção do mercado ocorrerá em tempo real, levando a um ajuste muito mais rápido, principalmente no que tange a cadeia produtiva. Um outro ponto que deverá assegurar um grande crescimento das vendas online é a rápida evolução tecnológica dos dispositivos e softwares para aplicação na web. Mesmo que no Brasil a infraestrutura ainda é muito deficiente e cara, esse cenário tende a evoluir rapidamente.
É dificil prever os recursos tecnológicos e aplicações que teremos à disposição das operações de e-commerce nos próximos cinco anos. Em dez anos é praticamente impossível. Pelo que foi apresentado, tenho a convicção que o e-commerce terá cada vez mais importância como canal de vendas, inclusive com forte tendência de ser o canal dominante. Alguns segmentos de mercados estão mais avançados que outros nas vendas online, entretanto, é inevitável que praticamente todos os segmentos de mercado tenham operações importantes.
Provavelmente por causa das características do e-commerce, o comércio varejista terá uma modelagem diferente da atual. Dificilmente é prever em que profundidade. Para a maioria dos varejistas o importante é iniciar uma operação de e-commerce sabendo que a fase inicial é de aprendizado, principalmente como utilizar o canal online no seu negócio e quais as novas possibilidades este canal poderá abrir para seu negócio.

Sérgio Castro é diretor comercial da Vertis, companhia especializada em soluções de negócios baseadas em tecnologia web.