Por Maurício Di Bonifácio
O e-commerce foi uma
mudança radical na forma com que as empresas realizam suas vendas. O consumidor
está mais exigente, compara produtos e preços por conta própria, compra de lojas
sem limites de barreiras geográficas e, tudo isso, na comodidade de seu
computador. Este é o cliente online, que usa o e-commerce, que se tornou um
modelo de negócio consolidado e cresce a 30% ao ano consistentemente. E do qual
ninguém mais tem dúvidas.
Mas este cliente quer
mais, quer mais comodidade, mais informação, perder menos tempo, ser mais bem
atendido e valorizado. Quer fazer a compra em qualquer lugar, na fila do banco,
no meio do trânsito parado, no check-in do aeroporto, ou mesmo deitado na sua
cama. Resumindo, este cliente quer ampliar sua experiência de compra e ter
acesso a preços, produtos e serviços onde quer que esteja.
Fora o contato do
cliente com a internet através do browser do seu computador acessando o site da
loja, temos outros dois pontos gigantescos de contato com o cliente. O primeiro
é o celular. Ele é o dispositivo com o qual passamos mais tempo, trabalhamos
com ele do lado, nos divertimos com ele do lado, dormimos e acordamos com ele
do lado. Ele está conosco naquela fila do banco, está do nosso lado parado no
trânsito e também no check-in do aeroporto. Hoje, já podemos usar o banco e
fazer check-in pelo celular, pena que ele ainda não faz aquela interminável
fila de carros andar mais rápido, cenário característico das grandes capitais.
Por outro lado, as
pessoas passam cada vez mais tempo em redes sociais, notadamente no Facebook.
Dentro da rede, as pessoas conversam, trocam informações, fotos, comentários,
se relacionam, namoram, arrumam emprego e falam mal da vida alheia, resumindo,
interagem socialmente. E são estas duas tecnologias, o mundo mobile e as redes
sociais que são a nova fronteira do varejo virtual. O primeiro, Mobile Commerce
e o segundo Social Commerce, ou F-Commerce (de Facebook Commerce). Através do
canal Mobile Commerce as lojas podem estar dentro do celular do cliente. Podem
ser acessadas de qualquer lugar, até mesmo de dentro da loja física do seu
concorrente. Elas trazem praticidade, agilidade e maior presença da loja para o
cliente.
Já no caso do F-Commerce,
o objetivo é levar a compra para dentro do ambiente social do cliente. Permitir
que ele compartilhe com seus amigos o que está comprando, produtos e lojas que
ele gosta e recomenda e principalmente trocar experiências e informações
sobre produtos e lojas. Pesquisas mostram que as pessoas confiam muito mais num
comentário sobre um produto feito por um amigo do que pela loja ou pelo
fabricante.
O componente social da
compra e as informações colhidas ou solicitadas à rede de relacionamento estão
ocasionando um peso muito grande no processo decisivo de compra. Entre a loja
falar que tem entrega a jato e um amigo dizer que já comprou e realmente no dia
seguinte recebeu seu pedido, existe um abismo de níveis de confiança. Saber que
um amigo teve uma boa experiência de compra numa determinada loja, que foi bem
atendido pelo SAC e, o pedido chegou no prazo e que quando deu problema fizeram
a troca sem maiores problemas pesa muito na decisão de comprar nesta loja,
mesmo que nunca tenha sequer ouvido falar dela.
Da mesma forma com produtos, ouvir de alguém próximo que comprou aquela nova TV
LED 3D com todas as siglas que tem direito e é realmente fantástica são
quesitos mais importantes para decidir a compra do que páginas e páginas de
descrições técnicas.
E fazer compras
através do celular já é uma realidade. Nos Estados Unidos, as redes de varejo
já incluíram o canal mobile em sua estratégia comercial, deixando de ser uma
mera aposta. O Paypal processou U$ 4 bilhões em pagamentos de compras feitas pelo
celular em 2011 e já projeta em U$ 7 bilhões de pagamentos nesse ano por todo o
mundo. Outro estudo prevê que só nos Estados Unidos sejam gastos U$ 11,6
bilhões em 2012 em compras via mobile.
O F-commerce por sua
vez, ainda está se consolidando e provando que também é um canal de vendas
importante. Estima-se que gerou em torno de U$ 1 bilhão em vendas em 2011 nos
EUA com projeção para chegar aos U$ 15 bilhões em 2015. Nos dois casos, por
mais que as diversas projeções sejam muito diferentes, todas elas concordam num
ponto: sempre envolve muito dinheiro e cenários de rápido crescimento.
Mas o mais importante
é que cada canal tem suas particularidades, suas vantagens e desvantagens. Que
o cliente quer interagir com a loja em todos os canais, em momentos, situações
e necessidades diferentes. E cabe à loja primeiro entender como cada canal
funciona, como se comporta e quais são as possibilidades que podem ser
exploradas em cada um deles, para depois saber como atender este mesmo cliente,
que inicia a compra em um canal e finaliza em outro. Ou ainda, aqueles
que não finaliza a compra on-line, mas que todos estes pontos de contato
levaram ele a se decidir pela loja e pelo produto, e ele chega na rede de loja
física meramente para concluir um processo de compra que se iniciou muito
antes.
Tudo isso é o
multicanal, atender o cliente onde quer que ele esteja e da forma com a qual
ele quer ser atendido. Clientes que se relacionam com uma empresa em vários
canais, são propensos a gastar mais com ela. E as empresas que não entenderem
isso e não estiverem preparadas, com certeza terão problemas. Ou no mínimo,
perderão a oportunidade de participar de um comércio virtual que cresce muito
mais acelerado do que o tradicional.
Maurício Di
Bonifácio é sócio-proprietário da Vertis, companhia especializada em
soluções de negócios baseadas em tecnologia web.