Por Marcus Granadeiro
Para que haja
uma realintegração entre os participantes de um projeto, uma verdadeira
automatização do processo documental do empreendimento, há necessidade de que
todos os sistemas, de todos os participantes estejam integrados. O documento
começa a ser criado e gerenciado nas projetistas, tem seu fluxo de revisão e
emissãoautomatizado, é analisado e validado pela engenharia do proprietário e
enviado para execução dentro de um sistema que organiza processo de
negóciopactuado entre os envolvidos no projeto. Os benefícios desta
automatização são de conhecimento de todos. Indo da simples economia de mão de
obra até a sensível redução de risco do projeto como um todo.
Quando os sistemas
de colaboração surgiram, início dos anos 2000, o mercado enxergou uma
possibilidade para esta integração. Todos os participantes do empreendimento
passariam a utilizar uma só ferramenta para se comunicar e gerenciar arquivos.
Com só uma base de dados, o fluxo de informações passaria a ser plenamente
automatizado e organizado, gerando mais qualidade, produtividade e economiapara
todos.
Passada a
primeira década de uso, a realidade se mostrou um pouco diferente. São
raríssimos os projetos em que há apenas uma ferramenta de uso comum. A regra é
que cada um tenha seu sistema, sua organização própria e o intercâmbio de
informações é realizadoforma manual. Os projetistas compraram sistemas
paraorganizar internamenteseus documentos, os chamados GEDs (Gerenciador
Eletrônico de Documentos), as gerenciadoras adotaram diferentes sistemas de
colaboração para gerir a tramitação de documentos e, com isso, alguns clientes
finais ficaram com a dificuldade de lidar com distintos sistemas, pois cada
empresa contratada oferecia uma ferramenta diferente. Os benefícios apareceram,
os sistemas ajudaram a organizar e a distribuir a informação, porém, ficaram
aquém da expectativa e do seu real potencial.
Atualmente, há
uma demanda por sofisticar o uso das ferramentas de colaboração. Não basta
apenas gerir os documentos dos projetos. Há a necessidade de integrá-los à
gestão contratual, seja na relação cliente-fornecedor, ou na relação comercial
dentro dos consórcios. Contratos, orçamentos, vistorias, pagamentos, qualidade
e segurança são plenamente atendidos nos atuais projetos de colaboração.
Com a adoção
de projetos em BIM (Building Information Modeling), a sofisticação tende a
aumentar, pois, neste mecanismo, encontramos um modelo e uma base de dados
muito mais rica do que os desenhos de CAD. O modelo BIM reúne diversas e
importantes informações sobre custos, planejamentos e manutenções, sendo que o
seu valor só será plenamente viabilizado com o aproveitamento destes dados em
outros sistemas, que podem ser da própria empresa ou de parceiros e clientes.
Descrevendo
este cenário, parece que voltamos ao início, sistemas parcialmente isolados e
uma cadeia produtiva sem uma colaboração eficiente. Adicionamos a má notícia de
uma tendência a piorar em função das sofisticações adotadas e da introdução do
BIM. Porém, a boa noticia é que já existe tecnologia para integrar estas
diferentes redes de colaboração. Elas são chamadas soluções de integração de
aplicações. Estas soluções possibilitam a automatização da troca de informações
entre sistemas, permitindo que cada empresa continue a utilizar o seu próprio
sistema e que ele seja alimentado automaticamente em função de informações
colocadas em sistemas dos parceiros. É o fim do retrabalho manual.
Esta
tecnologia não é nova, já está madura e é utilizada pelo mercado bancário e de
telecomunicações de maneira bastante intensa. A barreira que existe para
adotá-las em nosso mercado é seu alto custo, porém esta barreira está
sendoquebrada e, curiosamente, por um conceito do nosso mercado: o que nasceu
com as ferramentas de colaboração, o software como serviço.
Assim como se
“aluga” o sistema de colaboração para a gestão de comunicação de um projeto, o
mercado passará a oferecer “aluguel” de integrações. Com o tempo, as próprias
ferramentas de colaboração passarão a agregar este recurso em suas ofertas.
Esta mudança ajudará a reduzir custos e trazer todos os benefícios sonhados e
propagados no início dos anos 2000.