Por Marcus Granadeiro
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As empresas
estão focadas em migrar do CAD (do inglês, Computer Aided Design) para o BIM
(Building Information Modeling). Clientes finais começam a exigir projetos
desenvolvidos com a nova tecnologia, o que faz com que as empresas de
engenharia se capacitem para atender a esta demanda. Com isso, os primeiros
modelos de informação das edificações estão ficando prontos. Este é um processo
inevitável, independente de qual fornecedor ganhará a disputa pelo fornecimento
da tecnologia de modelagem, de qual velocidade vai acontecer e da qualidade que
estes modelos irão ter.
Mas, o que fazer com estes
modelos? Qual é a melhor forma de se aproveitar os benefícios desta tecnologia?
Este é o tema que deve estar na mente dos estrategistas das empresas, pois a
decisão de ir para a tecnologia BIM já é passado, assim como o caminho a ser
trilhado para isto.
A primeira “onda” de
benefícios acontece e é notada em conjunto com a própria adoção da ferramenta,
ela está relacionada à fase de projeto. A introdução da ferramenta obriga os
projetos a elevarem seu nível de integração, melhorarem sua qualidade quanto à
resolução de conflitos, uma vez que o 2D é mais tolerante a improvisos do que o
3D paramétrico. O papel aceita tudo, mas o modelo BIM não.
Esta primeira “onda” de
benefícios muitas vezes é confundida e vista como maléfica, pois dá a impressão
que o projeto fica mais lento, mais difícil. Porém, há um conflito ao perceber
que não se trata só de tecnologia, mas que é necessário pensar também em
Engenharia. Sobre este primeiro momento muito já foi escrito e debatido. As
próximas “ondas” acontecerão de forma natural com os projetos em BIM sendo
construídos e habitados.
Na fase de obra, o modelo
será usado para facilitar a compreensão da construção, para automatizar compras
e para sofisticar o planejamento através das tecnologias de 4D e 5D. O 4D é
quando associamos o tempo com o modelo 3D, sendo o tempo a quarta dimensão. O
5D é quando associamos o custo às outras quatro dimensões. Há um espaço muito
grande para a integração do BIM com colaboração quando pensamos em reportar não
conformidades e fazer vistorias e inspeções, principalmente com o uso de
dispositivos móveis.
Na fase de pós-chaves o
modelo será usado para sofisticar o manual do usuário dentro de uma tendência
de gameficação, ou seja, permitir que o usuário navegue pelo seu imóvel, assim
como seu filho atualmente navega pelas cidades em joguinhos, facilitando o
entendimento das instalações embutidas.
Há uma preocupação das
construtoras em relação à correta manutenção do edifício, pois isto pode
influenciar diretamente no desempenho da edificação, que, por norma, deve ser
garantido pelas construtoras. O BIM também pode ser uma excelente
aplicação neste quesito.
A última e mais forte
“onda” do BIM acontecerá no momento em que o volume de modelos se tornar grande
demais e que os conectarmos à tecnologia GIS (Geographic Information System) e
à “Internet das coisas”. Os modelos BIM são intrinsecamente paramétricos, ou
seja, contêm muitas informações associadas, isto os torna candidatos perfeitos
para serem elementos de uma topologia GIS. O tipo de uso, a quantidade de vagas
de garagem, a potência instalada a quantidade de vasos sanitários, todos são
elementos que podem ajudar em projetos de GIS ou mesmo em projetos de
infraestrutura.
Os equipamentos mais
modernos podem gerar dados, armazená-los ou transmiti-los remotamente, é o
conceito de “Internet das coisas” ou “Big data”. Estes equipamentos
posicionados e integrados em modelos BIM associados a um modelo GIS será a
grande revolução da próxima década, a última grande “onda” do BIM.
Marcus Granadeiro é presidente da Construtivo.com,
empresa de fornecimento de solução para gestão e processos de ponta a ponta
para o mercado de engenharia, com oferta 100% na nuvem e na modalidade de
serviço (SaaS).