Por Daniel Domeneghetti
A inclusão digital deve ser vista como
uma máquina do tempo para nosso país. Estamos há 20/30 anos, no mínimo,
atrasados em termos de educação neste País se considerarmos o resto do mundo desenvolvido.
E sabemos todos que sem educação não há desenvolvimento; sem educação não há
igualdade social. Educação é competitividade – individual, empresarial e
nacional.
Sob o ponto de vista de nações, a
tecnologia é, por definição e por constatação, um meio para o desenvolvimento;
não um fim. Como meio, pode e deve ser usada para promover a evolução das
estruturas de suporte e operações de nosso país. E aí entra a educação.
Usar a Tecnologia (Internet, por
exemplo) para incluir brasileiros como cidadãos no
mundo da informação, na Era do Conhecimento, vai nos economizar pelo menos uns
10 anos em nosso gap educacional em relação ao resto do mundo. Isso quer dizer,
economia de tempo, dinheiro… quer dizer autoestima, consumo, desenvolvimento,
melhores índices sociais.
Não se pode pensar em um país forte sem
conhecimento de valor e sem tecnologia como ativo estratégico. O Brasil precisa
de ambos. Onde estão os nossos planos de médio, longo prazo, considerando a
competição por conhecimento (e não commodities)? E os investimentos em
tecnologia e inovação? Sem esses dois pilares não chegaremos de forma
sustentável a lugar algum.
O primeiro passo para a Inclusão Digital
deveria ser a formulação de uma política real e mensurável – qualitativa e
quantitativamente – de inclusão empresarial (micro, pequenas e médias empresas,
que juntas concentram mais de 80% de nossa força de trabalho). Só aí teríamos
quase 60 milhões de brasileiros incluídos por efeito dominó (dobrando o
contingente de usuários que temos hoje). Mas falta visão, financiamento,
aculturamento, senso de urgência e parceria entre os setores privado, públicos
e as ONGs no que tange à essa questão.
Entendemos que a Inclusão Digital é um
esforço tripartite do Governo, das empresas (via inclusão empresarial) e do
indivíduo (que precisa querer ser incluído). E esses vértices não funcionam
independentemente.
O Governo não pode fazer tudo. Ser
agente patrocinador da inclusão digital do indivíduo é sua tarefa, até porque
facilita e muito o processo educacional e desenvolvimentista do país. Mas não
unicamente dele Governo.
Cabe às empresas se responsabilizarem
pela inclusão individual de seus colaboradores, o que, no limite máximo,
representaria a inclusão da população economicamente ativa (registrada) do
país. Mas para isso, a empresa brasileira (principalmente pequenas e médias)
precisa se incluir, ou seja: para haver a inclusão individual, é preciso que
antes ocorra a inclusão empresarial. O que é premissa para que as empresas se
incluam digitalmente na economia é mais do que óbvio… são os mesmos fatores de
sempre: cultura, acesso, crédito, conhecimento, gestão, etc.
Com isso, o Governo, em conjunto com as
ONGs, poderia se concentrar na sua parte, ou seja, se ater em patrocinar a
inclusão digital individual dos excluídos do mercado de trabalho, uma exclusão,
na verdade mais que digital; uma exclusão social.
Vale lembrar que a Inclusão Empresarial
é, no mínimo, condição si ne qua non para a sobrevivência de uma empresa na era
da informação.
Parece-nos positivo perceber que a
sobrevivência das empresas no mercado competitivo e globalizado depende de seu
nível de digitalização e que a empregabilidade dos indivíduos também.
Essa poderosa e feliz convergência
deverá ser responsável pela maturação da Internet no Brasil, uma vez que force
ambas as partes a buscarem a Internet.
No mais, é premente se entender
investimentos em Inclusão Digital como investimentos em Educação, nas três
esferas de Governo, independente do perfil ou partido do Governo, pois essa
questão, como algumas outras, é de interesse do País, é de Estado. Portanto,
não pode ficar a mercê de políticas passageiras.
Daniel Domeghetti é CEO DOM Stratety Partners, consultoria 100% nacional focada em maximizar geração e proteção de valor real para as empresas.