Por Marcus Granadeiro
Engenhar tem como
sinônimo traçar, idear, inventar, maquinar. Todas, palavras ligadas ao tema
inovação, logo, pode-se dizer que a engenharia é uma disciplina intrinsecamente
associada à inovação. Desta maneira, para as empresas e profissionais que fazem
engenharia, seria lógico concluir que inovar seja uma competência de destaque,
algo que até mesmo esteja no seu DNA.
Dentro deste
raciocínio, por que será que há tanta dificuldade para se inovar em relação ao
BIM (Building Information Modeling)? O mercado de engenharia está há, pelo
menos, sete anos ouvindo e discutindo os conceitos e os benefícios da
tecnologia, porém a velocidade de implantação é muito baixa, salvo raríssimas
exceções que confirmam a regra. Não existe nada além de “projetos vitrine”,
puro marketing na maioria dos casos. Por que o setor não consegue dar os passos
e inovar implantando seus novos processos com base na tecnologia que já se faz
presente? Inovar nos produtos finais é mais fácil do que inovar nos processos
para gerá-los? Quão inovador conseguiremos ser nas soluções sem inovar nos
processos?
Questões como essas
devem ser feitas para ajudar a quebrar alguns paradigmas e fazer o mercado
avançar, trazendo benefícios para a sociedade. Não há uma resposta única, mas
existe uma série de motivos e tendências. Vetores que, somados, ajudam a frear
a velocidade de adoção da tecnologia, o grau de inovação.
Um motivo que salta aos
olhos, analisando a grande maioria das iniciativas das empresas de engenharia,
é ver que a introdução do BIM não está sendo pensada como um processo de
inovação, dentro de uma metodologia de inovação, mas tratada como a compra de
uma tecnologia para executar o processo da mesma maneira que se faz com a
tecnologia antiga. Se a compra e a venda do serviço ocorrer da mesma
forma, a expectativa do uso e, consequentemente, o seu valor, ficam
inalterados. Normalmente, a maior preocupação das empresas é em como gerar a
documentação 2D, como deixar o produto final do BIM igual ao produto gerado
pelo CAD.
Há uma simplificação na
introdução do BIM que faz com que as empresas encarem a tecnologia como uma
falsa inovação. Elas compram um modelador, fazem um treinamento básico,
utilizam as máquinas que possuem e pronto. Pretendem fazer projetos em BIM, com
a mesma entrega, no mesmo prazo, no custo, com os mesmos benefícios. Não se
vende a vantagem, o maior valor que o projeto terá. Não se pactua um novo
processo de desenvolvimento, com entregas de informações e não de documentos. O
cliente não entende como um projeto em BIM pode ser usado na obra e na
operação. O “I” do BIM não é potencializado para diminuir custos e riscos na
supervisão e gerenciamento, assim, não se valoriza a tecnologia e não se inovam
as ações de engenharia.
Esta simplificação de
estratégica está causando um fenômeno interessante, o “medo do BIM”. Empresas
que já compraram software foram treinadas, mas não “viraram a chave”,
continuaram a fazer os projetos da maneira tradicional. O receio em apostar em
um projeto vem da falta de inovação, pois, no caso apresentado acima, qual
seria o benefício com o BIM? Por se manter o processo, os entregáveis, tudo
igual, introduzir o BIM significa introduzir um risco e não ter um benefício
que o justifique.
Marcus Granadeiro é presidente da Construtivo.com,
empresa de fornecimento de solução para gestão e processos de ponta a ponta
para o mercado de engenharia, com oferta 100% na nuvem e na modalidade de
serviço (SaaS).