por Adriano Lucas Balaguer
A
IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas) é a buzzword do momento e é um
movimento que já vem acontecendo desde 2009 e deve perdurar. Segundo o IDC, o
número de dispositivos conectados ao universo IoT será da ordem de 30 bilhões
em 2020 e se prevê um mercado potencial estimado em 7,3 bilhões de dólares já
em 2017.
A
origem do nome Internet das Coisas é atribuída a Kevin Ashton. O termo foi o
nome de uma apresentação feita por ele em 1999 na empresa Procter & Gamble
(P&G). Dez anos depois, num artigo publicado através do RFID Journal, ele
referencia a apresentação e cita o que é tido por muitos como a definição de
IoT.
Segundo
Ashton, “se tivéssemos computadores que soubessem de tudo o que há para saber
sobre coisas, usando dados que foram colhidos, sem qualquer interação humana,
seríamos capazes de monitorar e mensurar tudo, reduzindo o
desperdício, as perdas e o custo. Gostaríamos de saber quando as coisas
precisarão de substituição, reparação ou atualização, e se eles estão na
vanguarda ou se tornaram obsoletas”.
Desde
então IoT vêm se desenvolvendo e sofrendo mutações com o uso de redes
convergentes (principalmente wireless), sistemas microeletromecânicos
(Micro-Electro-Mechanical Systems) e a Internet.
As
“Coisas” podem ser um monitor cardíaco, um chip transmissor, um localizador, um
termômetro, uma câmera de segurança, uma porta, sensores no motor de um carro,
um tubarão, enfim qualquer coisa natural ou construída por mãos humanas e que
possa enviar e,ou, receber dados através de uma rede sem fios ou cabeada.
Hoje,
já se fala também em IoE (Internet of Everything – Internet de Todas as Coisas)
e WoT (Web of Things - Web das Coisas). Academicamente, poderíamos entender IoT
e IoE como sendo relacionado à máquinas, sensores, “coisas” que se comunicam e
trocam informações entre si através de dispositivos de uma rede de dados (seja
ela cabeada ou não), enquanto a WoT referencia softwares, aplicativos e
web sites fornecendo e consumindo recursos e informações entre si.
Mas
é importante lembrarmos da “definição original”, pois aponta para um componente
importantíssimo e que separa o que é e o que não é Internet das Coisas. Ashton
usa a frase “sem qualquer interação humana” e é aí que vemos a maior parte dos
erros quando dizemos que algo é ou não Internet das Coisas.
Quando
me aproximo de casa com meu carro e meu celular com um endereço IP associado se
comunica com a porta da garagem e, automaticamente, ela se abre, eu estou num
ambiente de Internet das Coisas.
Quando
ao entrar em casa, o ar condicionado percebe a minha presença e aciona-se
automaticamente, inclusive percebendo qual a temperatura externa e deixando a
casa com uma temperatura ambiente agradável, isso também é Internet das Coisas.
E, se ainda sem qualquer interação humana, meu aparelho de som ou a TV são
acionados automaticamente, temos a Internet das Coisas.
Mas
podemos ir além. Os sensores do ar condicionado podem aprender com meus hábitos
e horários e, uma vez sabendo a hora que chegarei em casa do trabalho e a
temperatura que mais me agrada, poderia se autoacionar um pouco antes da minha
chegada, para que, quando eu entrasse, a casa já estivesse na temperatura
ideal.
Da
mesma forma, o sistema de som poderia aprender que às terças, quintas e sábados
eu escuto blues e jazz. Nos outros dias eu gosto de escutar clássicos do rock.
Aos domingos ele não se acionaria sozinho. A TV, por exemplo, seria o
dispositivo que seria acionado aos domingos, inclusive com alertas enviados ao
meu celular como lembretes sobre o horário de exibição dos meus programas
favoritos.
Saindo
do contexto pessoal, o uso da IoT no ambiente empresarial também promove
inúmeras facilidades. Imaginem um ambiente com um computador efetuando um
processamento (um cálculo com números de alta grandeza) sobre plataformas de
petróleo. O cálculo levaria um determinado tempo. Bastaria que eu colocasse,
por exemplo, um laptop ao lado deste computador e, as máquinas teriam entre si,
uma conversa como abaixo:
-
Oi! Sou a máquina XYZ e estou fazendo um cálculo. Seu processador está ocioso?
Preciso de mais poder de processamento para realização de um cálculo.
Ao
que a outra responderia:
-
Oi! Sou a máquina ABC. Sim, está ocioso e a partir deste momento estou
liberando o uso do meu processador e trabalharemos em cluster para reduzir o
tempo de resposta do cálculo solicitado.
E
o compartilhamento de recursos de processamento se inicia automaticamente.
Isso
é Internet das Coisas! Um mundo de possibilidades de avanço tecnológico nas mais
diversas áreas, tais como médica, automotiva, petrolífera e de serviços, entre outras com uma previsão de crescimento em
dispositivos e receita que despertam nosso interesse e ativam nossa imaginação.
* Adriano Lucas Balaguer é senior
business consultant da GFT Brasil, companhia de Tecnologia da Informação
especializada no setor financeiro.