Cultura de gestão impede o deslocamento do setor de Contact Center para fora do eixo SP-RJ, aponta análise da E-Consulting

Eixo São Paulo - Rio de Janeiro continua dominando as operações de call center, mesmo tendo o maior custo nacional. Proximidade do fornecedor com o cliente e qualidade na infraestrutura estão entre os aspectos que fazem as empresas focarem seus negócios na região sudeste

A participação da região Sudeste nas demandas das atividades de Contact Center alcança 63% do total de serviços do País, segundo estudo produzido pela E-Consulting Corp., boutique de estratégia e projetos líder na criação, desenvolvimento e implementação de serviços profissionais, em parceria  com a ABRAREC, feito com as 10 principais empresas do setor.
De acordo com a análise, a presença maciça do mercado de Contact Center no Sudeste é devido a fatores como maior concentração operacional de contratantes e clientes, melhor qualidade de infraestrutura, logística, mão de obra e tecnologia. Na prática, a infraestrutura de grandes centros urbanos oferece uma mão de obra mais qualificada, o que permite uma logística supostamente menos onerosa, mas garante possibilidades tecnológicas mais patentes.
São Paulo e Rio de Janeiro são os locais com maior representatividade no mapa demográfico do contact center. A região com maior participação neste mercado também é a mais cara. Isso significa que as empresas optam por um local em que predominam os maiores custos de pessoal, de metro quadrado, de salário, de infraestrutura e de conectividade por estarem ancoradas na cultura corporativa brasileira que, segundo o estudo, crê na necessidade de um controle o mais próximo possível da operação de Contact Center.
Isso quer dizer que para as centrais terceirizadas e, mais ainda, para as centrais internas, a operação necessita de uma localização com um raio bastante curto de distância da operação da própria empresa para que sua equipe possa, a qualquer momento, se deslocar para supervisionar a atividade. Já no caso das terceirizadas, a supervisão do cliente contratante também pesa no processo decisório, ou seja, a proximidade do fornecedor com seu cliente é um fato desejado por ambas as partes.
“Esta cultura de gestão impede as empresas de se deslocarem para outras cidades, até mesmo para as filiais localizadas no interior do estado em que atuam, para se beneficiarem da redução tributária, salários inferiores e qualidade de vida, como poderia ser desejado pelas principais empresas do mercado de outsourcing. Atualmente, alguns movimentos em direção a cidades-satélites de São Paulo, como Poá, Mauá e Mogi das Cruzes, têm ocorrido, mas esta é a maior distância que a cultura corporativa consegue absorver, por ora”, explica Daniel Domeneghetti, CEO da E-Consulting, que também cita as cidades de Belo Horizonte e Uberlândia como dois outros centros ativos do mercado.
Já as regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, somados, chegam a 37% da demanda de Contact Center em todo o País. O Norte, por sua vez, abrange somente 1% de todo o mercado de relacionamento com o cliente. Entre as cidades da região Sul que mais se destacam no mapa estão Porto Alegre, Curitiba, Londrina e Florianópolis, mas em proporções bem menores. No Centro-Oeste são citadas Goiânia e Brasília e, no Nordeste, Salvador e Recife.

Mesmo que o eixo Rio-São Paulo ainda domine o mercado, o estudo também aponta que os sites buscam desenvolver cada vez mais suas atividades em locais onde há benefícios para a implementação em outra regiões, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que têm redução de alíquota de ISS, isenção de IPTU para a instalação das empresas, além da diminuição do tempo de deslocamento do colaborador para o trabalho.