E-Consulting prevê uma receita de R$ 43,41 bilhões em Contact Center em 2014

O setor registrará um crescimento de 6,61% em relação ao ano anterior, que atingiu R$ 40,72 bilhões. Operações terceirizadas devem faturar R$ 14,94 bilhões neste período, com um crescimento de pouco mais de 4% em relação ao ano passado

O setor de Contact Center no Brasil – considerando operações terceirizadas e internalizadas - deve movimentar cerca de R$ 43,41 bilhões em 2014 no Brasil, registrando um crescimento de 6,61% em relação ao ano anterior, que atingiu R$ 40,72 bilhões. ”, de acordo com o estudo produzido pela E-Consulting Corp., boutique de estratégia e projetos líder na criação, desenvolvimento e implementação de serviços profissionais em Web, TI, Telecom, Contact Center, Multicanais e Novas Mídias.
As operações terceirizadas devem faturar R$ 14,94 bilhões neste período, com um crescimento de pouco mais de 4% em relação a 2013. Já as operações internas devem registrar um crescimento superior a 8%, atingindo R$ 28,47 bilhões, representando 65% de todo o setor no Brasil. A pesquisa foi realizada com 794 das 1000 maiores empresas em atuação no Brasil, de diversos segmentos, com as 30 maiores operadores de Contact Center do Brasil, incluindo a análise de seus balanços.
O aumento da relevância estratégica do cliente, como principal ativo corporativo, as novas leis regulando a qualidade do atendimento, a obsessão por maior competitividade e a demanda multicanal pelos consumidores impulsionam as operações internas que, neste ano, confirmam a tendência de crescimento superior ao da terceirização, verificada em 2012 e 2013.
O estudo aponta que o crescimento na internalização desta prática vem ocorrendo de maneira gradual porque as empresas estão compreendendo cada vez mais a relevância dos clientes como seu principal ativo de valor.
As novas leis focadas no consumidor, a concorrência e a pressão pelo melhor atendimento estão trazendo para as empresas a ideia de que o relacionamento com o cliente ficou muito mais estratégico e, portanto, satisfazê-lo, fidelizá-lo e protegê-lo do ataque da concorrência se tornaram competências-chave para as empresas, especialmente em setores como Financeiro, Telecom, Varejo, Bens de Consumo, Automobilístico, Fármaco, Saúde, Educação e Serviços Profissionais. Por isso, há uma tendência forte de internalizar as operações com investimentos maiores em canais qualificados de atendimento e modelos de relacionamento mais diferenciados. Tudo isso para levar excelência na abordagem com o cliente.
Com este movimento há um aumento significativo em projetos ligados à diferenciação dos serviços oferecidos com a implementação de mais canais (multicanalidade), on-line e offline, proprietários ou não, com finalidades de atendimento/relacionamento, vendas e comunicação, muitas vezes integrados entre si (cross-canalidade).
O levantamento observa um crescimento do número de Pontos de Atendimento (PAs) extremamente significativo, passando de cerca de 470 mil em 2008 para valores próximos a 825 mil em 2014. Mas o crescimento de PAs em relação a 2013 foi de pouco menos de 1%, com decréscimo de perto de 4% nas PAs terceirizadas, fruto da substituição tecnológica, da digitalização dos multicanais e do aumento da internalização das centrais.
Os setores Convergência, incluindo Telecom, Internet, TV Cabo, Mídia, Serviços de Conectividade, e Financeiro, incluindo Bancos, Seguradoras, Serviços Financeiros, Operadoras de Cartão, Financeiras, Meios de Pgto, dentre outros, ainda são os que mais contratam os serviços de Contact Center no Brasil, representando 49,5% e 30,5% da demanda por terceirização, respectivamente. Mas interessante perceber que sua representatividade também caiu em 2014 frente a 2013, cujos valores respectivos eram 51% e 33%. Cumpre perceber que o Setor Financeiro internalizou, nominalmente, mais PAs que Convergência, seja por ser mais conservador pela própria natureza de sua atividade, com grande preocupação (e obrigação) em manter em sigilo os dados seus clientes, seja porque os programas de relacionamento com clientes e as ações multicanais (em que são pioneiros) cresceram sensivelmente.
O setor de Utilidades (Água, Luz, Gás, dentre outros) se manteve com 6% de representatividade, enquanto Varejo e Serviços (Varejo Super, Hiper, E-Commerce, Geral, Fidelidade, Turismo, Entretenimento, Passagens) cresceu de 5% para 7,5% (efeitos, dentre outros, do aumento de monitoria oficial e oficiosa – redes sociais e sites de reclamação). A Indústria em geral teve um aumento de 1,5% para 2%, fruto do aumento de peso estratégico dado ao cliente nas empresas originariamente entendidas como B2B e os Serviços Públicos, Educação e Saúde se mantiveram em 2%.
A análise aponta que dentro da evolução das diferentes modalidades de serviço do setor, pode-se ressaltar o aumento de contratação de serviços de BPO (Business Process Outsourcing), que correspondem à subcontratação da gestão de processos das empresas clientes, tais como Recursos Humanos, Serviços de Formação ou ainda Serviços Profissionais (consultoria de processos e integração de sistemas).
De acordo com o estudo este novo modelo permite à empresa terceirizada transformar em oferta qualificada ao mercado seu conjunto de skills de prestação de serviços, que até então eram aproveitados somente dentro de suas próprias fronteiras. Assim, esses fornecedores começam a abrir o leque de sua oferta de serviços com essas soluções de suporte à gestão interna de seus clientes.
Do lado dos operadores terceirizados, dentro das quatro linhas de ofertas mais importantes ligadas aos serviços dos Contact Centers, tais como SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), Televendas, Recuperação de Crédito e Novos Modelos de Gestão do Relacionamento com o Cliente, intensivos em canais digitais – este último apresenta destaque em crescimento comparativo a 2013, atingindo 3,3% do total das operações terceirizadas ou pouco mais de R$ 490 milhões.
Os demais serviços terceirizados, que englobam, dentre outros, trade, B2B, field services, remote support e supply-chain fullfilment, deve movimentar cerca de R$ 2,45 bilhões neste ano, ou pouco mais de 16% do total. Isso porque os serviços de relacionamento em cadeias B2B (Business-to-Business), back-office, automação, helpdesk, recuperação de crédito, promoções, infraestrutura de TI, conectividade e BPO (Business Process Outsourcing) são frentes cada vez mais relevantes no volume de receitas associadas ao movimento do setor.
Já as linhas de ofertas tradicionais mantêm seu crescimento praticamente nivelado com os anos anteriores. O SAC, que representa 42% do total das operações, tem a previsão de movimentar R$ 18,23 bilhões, sendo R$ 6,73 bilhões em terceirizações, a Televendas o volume de R$ 6,07 bilhões (decréscimo em relação a 2013), com R$ 2,43 bilhões em terceirizações. Estes valores representam um crescimento em SAC de 3,4% e queda de perto de 20% nas Televendas, se comparadas ao ano passado.
A estimativa para Recuperação de Crédito ou Cobrança deve gerar um montante de pouco mais de R$ 10 bilhões, com crescimento superior a 6% em relação a 2013. Deste valor, R$ 3,34 bilhões são terceirizados. O crescimento das receitas de recuperação de crédito, ligadas aos incentivos do Governo e ao próprio crédito provido pelos atores concedentes, além dos novos modelos de gestão do relacionamento com o cliente e a qualificação dos serviços de SAC foram as frentes que mais contribuíram diretamente para a rentabilidade alcançada pelo setor – principalmente para companhias terceirizadas, por serem ofertas de maior valor agregado e, portanto, maior lucratividade.

           Forte migração
O estudo também revela que, nos últimos anos, vem ocorrendo um movimento de migração dos novos sites para outras regiões do País, especialmente Nordeste e Centro-Oeste, saindo principalmente da capital paulista, onde predominam os maiores custos de pessoal, de metro quadrado, de salário, de infraestrutura e de conectividade. Esses outros centros estão na mira das empresas por conta de custos menores de implementação, gestão e operação enxutas, além de eventuais incentivos fiscais e parcerias estabelecidas com prefeituras e/ou governos estaduais.
Mesmo com este movimento migratório, o Sudeste ainda representa 54,9% (eram 58% em 2013), tendo o eixo Rio-São Paulo respondendo por aproximadamente 71% deste total. A região Sul também decaiu de 19,5% para 18,8%.  A região Nordeste teve crescimento de 12,5% para 14,4%. Com os menores percentuais de participação estão o Centro Oeste e o Norte do Brasil, com 9,6%, e 2,3% respectivamente, frente a 8,7% e 1,3% em 2013.
Para o ano de 2014, a projeção é que o número de funcionários totais trabalhando nos Contact Centers se mantenha constantes (pequena queda de 30 mil empregos num total geral de 1,6 milhões). Ainda sim, o setor de Contact Center se configura como um dos maiores geradores de empregos da sociedade brasileira.

           Mão de obra
Em relação aos cargos encontrados neste segmento, despontam entre os mais bem pagos as posições de Gerente de Tecnologia e Gerente Comercial, com salários bases de R$ 9,15 mil e R$ 6,47 mil. Já o cargo de operador de telemarketing configura no estudo como o profissional com a menor remuneração dentro do setor, ganhando, em média, R$ 706 por mês.                    

Em relação ao mercado trabalhista terceirizado deste segmento, apenas 14% dos colaboradores possuem ensino superior completo ou incompleto. Nas estruturas de Contact Centers internos, a qualificação mínima é ainda maior e a proporção de colaboradores com nível superior completo ou incompleto ultrapassa os 30%. Em muitas empresas, este é até requisito mínimo em função do caráter estratégico das operações que permanecem internas às empresas.