Por Marcus Granadeiro *
Os
modelos BIM (Building Information Modeling) estão ultrapassando o mundo das
edificações e avançando no mercado de infraestrutura. São evidentes os
potenciais benefícios que a tecnologia pode trazer aos empreendimentos, em
todas as fases, dos primeiros estudos até a operação, passando pelo
detalhamento do projeto e sua construção.
Dentro
deste contexto surge uma questão sobre como utilizar o modelo BIM neste novo
mercado. Nele é preciso encarar o modelo sobre a perspectiva da gestão
dos contratos de fabricação, construção e montagem. Sua estrutura hierárquica,
a maneira de orçar, o processo de desenvolver o 4D e o 5D devem ser pensados de
maneiras distintas para fazer sentido neste mercado.
A
estratégia de gerenciamento contratual e supervisão de obra devem ser levadas
em conta para algumas definições e ajustes do modelo. Um contrato de execução
por preço unitário levará a um modelo diferente de um contrato “turn-key”,
no qual marcos e grupos de objetos deverão estar ligados aos eventos de
pagamento. A análise de risco tecida pela gerenciadora deve acrescentar
detalhes e características ao modelo, permitindo um controle mais efetivo dos
riscos durante a execução, até mesmo o modelo de gestão, presentes em siglas
como FEL (Front-End Loading) e PMBOX (Project Management Body of Knowledge)
influenciam em especificações práticas do modelo como o LOD (Level of Detail)
Com
os argumentos acima é plausível incluir a atividade de adaptar o modelo BIM
utilizado em projeto para a fase de gerenciamento e supervisão. Dependendo do
caso não seria algo absurdo pensar em gerar novos modelos, com nova hierarquia
e parâmetros dedicados a esta nova etapa.
Com
um modelo adequado é possível utilizar plenamente o BIM no gerenciamento e
supervisão. O seu uso deve estar contextualizado na auditoria dos processos bem
como conter todas as informações sobre a aceitação do produto. Os relatórios de
supervisão e gerenciamento deverão passar de textos em papel para animações em
quatro e cinco dimensões. As intercorrências de execução deverão ser
dinamicamente registradas no modelo e associadas a um posterior fluxo de trabalho
para garantir um “as build” completo e confiável.
Os
modelos também devem ser pensados além de algo a ser consumido pelas
gerenciadoras como insumo para seu trabalho. Devem ser pensados como recursos
dinâmicos para tomadas de decisões técnicas e comerciais. Um estudo em cinco
dimensões para avaliar o impacto no prazo e custo de uma alternativa de
engenharia ou de uma alteração contratual. Um estudo 4D para avaliar a
viabilidade de uma nova alternativa ou para justificar uma eventual defesa de
reivindicação contratual.
Dentro
deste cenário é correto de se pensar no futuro em termos um departamento de
realidade virtual dentro das gerenciadoras e supervisoras. O BIM será o seu
pontapé inicial.
Marcus
Granadeiro é presidente da Construtivo.com, empresa de fornecimento de solução
para gestão e processos de ponta a ponta para o mercado de engenharia, com
oferta 100% na nuvem e na modalidade de serviço (SaaS).