Top 10 do varejo atual: as tendências e apostas mais relevantes

Por Daniel Domeneghetti

Teste, repense e inove agora. Como se fosse uma espécie de mantra, essas três palavras precisam estar mais do que vivas no cotidiano do varejista devido às mudanças constantes dentro do setor. O consumidor 2.0, tão comentado e estudado é quem dita as regras neste novo cenário perante à era digital.  Com isso, vivemos dentro de uma realidade em que a mudança, como também, a adaptação, são constantes. Ou seja, o consumidor muda e logo mudam os seus canais de compras.
Recentemente, conversei com os principais varejistas do País para compor levantamentos a fim de elucidar as tendências que estão entre as principais apostas desses executivos. A tônica de minha maratona, que compilei de forma pessoal, gerou o que convencionei como as Top 10 Tendências mais interessantes para o varejo. Compartilho, neste artigo, um pouco desta imersão que fiz durante as interações com os executivos.
Porém, antes de inserir essas tendências dentro de suas agendas de prioridades de implementação, vale a seguinte observação: cada varejista precisa ser capaz de identificar e apropriar, em proporções adequadas, quais os desafios presentes que colocam em risco hoje o seu negócio versus as reais possibilidades e viabilidades de aderirem às tendências aqui apresentadas, e em que momento do tempo.
Esse balanceamento é o que proporcionará um avanço mais aderente de cada empresa à dinâmica exigida para os seus negócios. 
Vamos ao TOP 10:

1.    MCC (Mobilidade, Convergência e Colaboração) - É a modalidade tecnológica mais próxima que impactará o cotidiano no cenário da TI no varejo. Aliada à mobilidade, já dita acima, passará pela completa revisão e readequação estratégica de seu parque tecnológico para as chamadas tecnologias MCC – Mobilidade, Convergência e Colaboração. Com os fenômenos Cloud, IaaS (Infrastructure as a Sevice), BYOD (Bring Your Own device) e Big Data, não há motivo para as empresas não redefinirem seus modelos transacionais, operacionais e relacionais para os padrões MCC.
2.    Novos modelos de engajamento – Se antes se falava de modelos transacionais, como soma de pontos, por exemplo, para incentivar a compra ou visita, o foco agora é a emocionar. É o engajamento através de motivos emocionais que mobilizam funcionários e clientes. Neste cenário, encaixa, muito bem, a Apple, que contempla uma horda de seguidores que não participam de nenhum programa de fidelização, mas sempre estão nas lojas por puro encantamento.
3.    Curadoria –  É a forma do varejo fazer uma seleção apurada do que seu consumidor gosta. Por exemplo, quais produtos ofertar no tabloide? Quais colocar na vitrine? E nas gôndolas? As marcas precisam pensar mais no cliente e apostar em processo de curadoria para ajustar o sortimento e facilitar a decisão. A tônica é não encher os olhos do consumidor, ao olhar na tela de produtos, mas, sim deixar três a cinco opções para cada busca. Fica a critério do cliente procurar por outras opções. Isso simplifica a escolha, diminuindo a informação para não confundir o consumidor.
4.    Customização - Tendência mais viva do que nunca, que está longe de morrer. O consumidor não se satisfaz apenas com o que é melhor. Ele quer o algo mais. Ele quer a experiência pessoal, e, sobretudo, exercer o seu poder de comprador em pequenos detalhes que fazem toda a diferença em sua vida.
5.    Storytelling – Esse viés, além de divertido, pode aumentar o número de vendas e clientes em um passe de mágica. Sabemos que campanhas publicitárias estão presentes nas mais diversas mídias, como rádio, televisão e internet. Ela é utilizada para manter relações com os mais variados públicos e engajar diferentes grupos de pessoas. Segmentar as campanhas de marketing de acordo com o meio, pode ajudar muito na propagação das suas ideias. Atualmente, as redes sociais são grandes auxiliares dessa técnica, pois permitem a interação do público com o que é contado e o compartilhamento das informações.
6.    Precificação Dinâmica - A prática de cobrar preços diferentes para consumidores diferentes sobre produtos parecidos ganha força no cotidiano do varejo atual. O metodo é denominado por economistas como "excedente econômico", ou sejam a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que ele realmente precisa pagar. Como exemplo atual, podemos citar, companhias aéreas cobram mais em voos que estarão lotados de executivos (aqueles cuja demanda é constante, portanto é mais tolerante a preços altos) e cobram menos em voos lotados por famílias.
7.    Showrooming - Recentemente, consumidores descobriram que é possível pesquisar e experimentar produtos em uma loja física e comprá-los por um preço mais barato em uma loja online. Esse fenômeno, conhecido como “Showrooming”, vem crescendo bastante, tirando o sono de varejistas em todo o mundo, e sendo debatido com grande intensidade nos últimos anos. Entre as razões para esse fenômeno está a possibilidade de visualização do produto antes da aquisição e a vontade ou necessidade de obtê-lo imediatamente.
8.    Terceirização de Ativos Fixos – A manutenção de uma equipe interna para o Controle do Ativo Fixo ou contar com um parceiro expert nessa área de negócio?  Ter funcionários com todos os direitos trabalhistas ou uma empresa com acesso direto aos meus dados e informações sigilosas? Essas questões não parece uma escolha fácil, mas é. Numa análise criteriosa e realista, veremos que o mercado atual exige das companhias a garantia de que os negócios por ela gerenciados mantenham-se em total conformidade com demonstrativos claros e verdadeiros, e a produção interna desses controles passa pelo olho clínico dos investidores.
9.    Cliente como principal ativo – Talvez este itens esteja na agenda de prioridades de dez entre dez executivos varejistas do País, já que o dilema do momento é enxergar os clientes como ativos corporativos capazes de gerar valor. E, seguindo nessa direção, é necessário entender que a diferenciação da sua marca não será feita pelo preço e por investimentos em tecnologia. Está única e absolutamente no cliente.
10.  Erosão das Marcas – Alguns sites já especificam este conceito através das mudanças no nível de competitividade e os movimentos das tendências de mercado, entrada de novos concorrentes e ações de concorrência estabelecida, modificações nas crenças, atitudes, hábitos de vida e comportamento dos consumidores e promoção equivocada de novos produtos e/ou serviços (o produto virou serviço e o serviço virou produto) são alguns dos fatores para “puxar” a força das marcas para baixo, sendo raramente neutros ou, eventualmente, favoráveis à evolução das marcas. Na mesma dificuldade de escala em construir o valor das marcas através da comunicação (e outras dimensões) é manter o valor que já está construído, pois na prática são depreciadas – e/ou autodepreciam – diariamente.

Analisando todas essas tendências, é importante ressaltar que as novas soluções de varejo deverão ser compostas por inteligência incorporada, conhecimento compartilhado, atendimento customizado e decisões cocriadas entre loja e cliente. Num processo de venda, não haverá a colocação de um novo em linha comprador não vai mais colocar um novo produto em linha se não obtiver anuência do cliente ou ainda, será providenciada a introdução de produtos identificados pelos clientes de sua loja.

Daniel Domeghetti é CEO DOM Stratety Partners, consultoria 100% nacional focada em maximizar geração e proteção de valor real para as empresas.

 

Sobre o autor Daniel
especialista em estratégia corporativa, top management consulting, gestão de ativos intangíveis e valor sustentável é sócio do Grupo ECC e CEO da DOM Strategy Partners, boutique de consultoria 100% nacional especializada em estratégia corporativa e gestão de ativos intangíveis, responsável, dentre outras, pela formulação e modelagem da Metodologia IAM (Intangible Assets Management), pelo PIB (Programa Intangíveis Brasil), pelo Reputation Index e pelos principais cases de gestão de ativos intangíveis para as 1000 maiores empresas do país.
Também é sócio-fundador da E-Consulting Corp., empresa líder em consultoria para Web, TI, Mídia, Telecom e Contact Center, da K4B, primeira empresa de KPO do Brasil, atual presidente do Instituto Titãs do Conhecimento e co-manager da empresa de investimentos InVentures Participações. Coautor do livro "Ativos Intangíveis, o Real Valor das Empresas" (4ª. Ed), pela Editora Campus Elsevier, é palestrante e articulista internacional.