por Jorge Serrano Pinto*
Desde
sempre que as questões logísticas tiveram uma relação muito próxima com o
transporte de bens. Em determinados momentos da história da humanidade, a
eficácia da logística de transportes fez a diferença entre o ganhar ou perder
uma batalha (ou, até mesmo, uma guerra). Era necessário movimentar as cargas
corretas, utilizando os meios adequados, no tempo certo, através do melhor
percurso (que poderia não ser o ótimo), para estas chegarem atempadamente ao
seu destino.
Todos
estes problemas foram trabalhados matematicamente e desde cedo as organizações
empresariais mais avançadas começaram a entender que poderiam tirar partido de
todas as práticas e modelos que foram sendo desenvolvidos. Afinal, uma empresa
que tem a necessidade de entregar os seus produtos aos seus clientes tem uma
problemática muito semelhante à anteriormente exposta.
Assim,
incorporando sucessivos avanços tecnológicos, os sistemas para a gestão de
transportes, chamados TMS (Transportation Management System), foram melhorando
e aumentando o escopo do desafio inicial: como transportar uma mercadoria do
ponto A para o ponto Z? Isso foi possível através da inclusão de mais e mais
variáveis e restrições.
Por
exemplo, que tipos de transporte deverão ser utilizados (considerando, entre
outras restrições, a sua capacidade máxima de peso e volume), quais os
motoristas disponíveis e qualificados para fazerem o transporte, qual o melhor
roteiro para esse mesmo transporte, uma vez que, entre o ponto A e o ponto Z,
poderemos ter que fazer paragens nos pontos intermédios B, C, D, (onde se
poderá descarregar e/ou carregar material), etc. Não é difícil pensarmos em
mais uma dúzia de condições básicas para serem atendidas.
Aliado
à evolução dos modelos matemáticos, a utilização generalizada de computadores pelas
empresas proporcionou uma maior e melhor capacidade de incorporação de regras
de negócio, nas quais se incluem as tais restrições e, também, acelerou e
melhorou o planejamento através da inclusão de mais variáveis. Aliás, é na área
do planejamento que realmente se prevê uma das principais evoluções dos
sistemas TMS. Os meios científicos e tecnológicos já existiam, estava faltando,
apenas, o aumento das variáveis – porque, quanto maior for o número de
variáveis que consigamos manipular, mais próximo da realidade conseguirá ser o
nosso planejamento.
Um
exemplo clássico dessas variáveis está presente nos mapas que, atualmente,
todos usamos nos sistemas GPS nos nossos carros. Esses sistemas começaram por
fazer “simples” planejamentos de rota, com base nas distâncias conhecidas, e
cedo começaram a melhorar a sua precisão, quando passaram a considerar, por
exemplo, as velocidades máximas permitidas nas vias (dados estáticos) ou os
engarrafamentos nos percursos planejados (dados dinâmicos, alimentados em tempo
real).
Seria
um desperdício se todas essas informações não fossem utilizadas pelos sistemas
TMS para responder, de uma forma mais incisiva, às necessidades crescentes dos
usuários. De fato, um bom planejamento começa por ser fundamental para se
garantir o cálculo de um correto orçamento para o cliente e, de seguida, a
execução de um transporte eficiente. Durante essa execução, um bom sistema TMS
deverá fazer um acompanhamento do que está acontecendo, de forma pró-ativa e
não reativa, alertando os usuários para os possíveis desvios que estão
acontecendo face ao planejado. E, após a execução do transporte, é fundamental
o registro do histórico para, assim, se poderem calcular indicadores que
permitirão um ajuste mais fino do processo. É o sistema se auto-otimizando.
Portanto,
a distância que separa um TMS “básico”, que apenas emite uma lista mais ou
menos completa dos transportes a serem feitos daquilo que hoje é
disponibilizado ao mercado, é enorme. O exemplo da roteirização permite
executar de forma dinâmica e recorrendo às tecnologias mais avançadas as rotas
de distribuição. Mas não se fica por aí. Por meio da integração de componentes
de telemetria também é possível controlar eventos, como a abertura e fecho de
portas (e a sua possibilidade, ou não, dentro de janelas temporais), o perfil
da atitude do motorista ao volante, dados reais de abastecimento de
combustível, manutenção, etc. É um mundo novo que está evoluindo e é
fundamental estes sistemas estarem sempre alinhados com a evolução das
necessidades das empresas.
* Jorge Serrano Pinto
é especialista em logística da Divisão de Aplicativos da Sonda IT, maior
integradora latino-americana de soluções de Tecnologia da Informação