por Marcus
Granadeiro*
É
muito difícil para um profissional fora do nível estratégico da empresa
entender o valor que as inovações em tecnologia podem trazer ao negócio. Como
transformar a inovação tecnológica em inovação de negócio e, assim, criar um
novo produto, ter mais rentabilidade ou até mesmo produzir um diferencial
competitivo? Este vem sendo um problema para as empresas de engenharia,
pois normalmente o nível estratégico é ocupado pelos fundadores da empresa, ou
seja, profissionais mais maduros, excelentes engenheiros com grande reputação,
mas longe do contato e interesse na tecnologia.
Este
cenário vem predominando até agora. As empresas até compram tecnologia,
investem em softwares CAD, modeladores BIM e sistemas de gestão de documentos e
processos, porém este gasto não se reflete no negócio, assim a TI passou a ser
entendida como custo e não investimento. A empresa faz a atualização porque
saiu uma nova versão, assim como o dono troca anualmente o seu modelo de carro,
porém não se pensa, planeja e justifica esta atualização com um impacto no
negócio.
O
“jogo vai virar”, dois grandes fatores já estão promovendo mudanças e irão
alterar este cenário de forma definitiva em um curto espaço de tempo.
O
primeiro deles é a crise. Em momentos como os atuais é impensável gastar
dinheiro com algo que não traga um benefício muito bem mapeado e comprovado.
Também é questão de sobrevivência inovar, não há mais zona de conforto, inovar
para criar novos produtos, achar novos clientes, aumentar produtividade, ter um
diferencial etc.
O
segundo vem da indústria de software, que está mudando o seu modelo de
comercialização e ficando mais aderente ao modelo que o tsunami chamado “nuvem”
impôs. Com a nuvem veio o conceito de software como serviço, no qual a empresa
paga pelo o que usa e quando usa. Modelo este que não se compra, mas sim
aluga-se. No SaaS (Software as a Service), não basta fornecer uma aplicação que
roda de forma individual, pois este padrão de fornecimento demanda softwares
que operem de forma integrada e com serviços associados. Ter um software e não
usá-lo passa a significar algo semelhante a alugar um escritório e deixá-lo
vazio, alugar um carro e apenas pegar táxi. Ficará muito explícito o custo sem
o benefício associado.
Qual
caminho seguir? Primeiro deve-se mudar o entendimento que tecnologia é um
custo, ela deve ser encarada como um investimento, pois é elemento que propicia
a necessária inovação. Depois é preciso dar mais eficiência e eficácia ao
investimento em tecnologia. Então, o caminho é fazer com que os sócios comecem
a entender os conceitos, invistam tempo em aprender e trilhar a busca do uso da
inovação tecnológica para reinventar a engenharia de suas empresas.
*Marcus Granadeiro é engenheiro civil formado
pela Escola Politécnica da USP, presidente da Construtivo.com,
empresa de tecnologia com DNA de engenharia. Pioneira no conceito de nuvem,
desde 1999 atende os maiores projetos de infraestrutura do Brasil,
sócio-diretor do ConstruBIM, empresa especializada na consultoria de projetos
em BIM do Grupo Construtivo, e membro do ADN (Autodesk Development Network)