Pesquisa da
consultoria global envolvendo mais de 700 executivos de diferentes países
revela quais são os maiores receios dos líderes para os seus negócios no
próximo ano. Preocupações com as condições econômicas e ameaças cibernéticas
lideram a lista.
Mudanças
frequentes na liderança política nacional, o rápido desenvolvimento da
revolução digital, o terrorismo global e o aumento dos custos na saúde são
alguns dos riscos mais temidos pelas empresas no próximo ano. A constatação é
da quinta edição do relatório “Perspectivas de Executivos para os Principais
Riscos em 2017”, elaborado pela consultoria global Protiviti em parceria com a
Universidade Estadual da Carolina do Norte.
O
estudo avaliou as preocupações mais latentes de 735 executivos de diversos
segmentos da indústria nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico. Os riscos
foram categorizados em três dimensões: macroeconômicos, estratégicos e
operacionais.
De
acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados indicaram que as incertezas
associadas às condições econômicas terão um impacto significativo sobre as
empresas em 2017 e em maior medida do que nos anos anteriores. Muitos desses
riscos apontados são relevantes para o mercado brasileiro.
“Estes
10 principais riscos são bastante aplicáveis à realidade das empresas que atuam
no Brasil, e são úteis para o planejamento estratégico 2017 baseado em riscos,
e podem trazer impactos para o negócio como um todo”, cenariza Maurício Reggio,
sócio-diretor da operação brasileira da Protiviti, consultoria global
especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Compliance, Gestão da
Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.
Abaixo,
a Protiviti lista os 10 maiores riscos identificados para os negócios em 2017,
incluindo informações úteis para o contexto no Brasil.
1)Condições econômicas no mercado
doméstico e internacional
– apresentou o maior aumento em relação a 2016 e foi considerado o principal
risco para 2017. No Brasil, a instabilidade econômica decorrente de questões
políticas também coloca este risco como prioritário por conta de fatores como a
perda do grau de investimento, descontrole da inflação, recessão econômica,
aumento do desemprego, restrição no mercado de crédito, queda na produção
industrial e aumento da inadimplência, entre outros indicadores.
2)Mudanças e escrutínios regulatórios
- Termos como
compliance, corrupção, lavagem de dinheiro, cartel, multa, prisão e acordo de
leniência se tornaram lugar comum com o noticiário. A atuação firme dos órgãos
reguladores, fiscalizadores, investigativos e as mudanças legais e
regulatórias, associadas à uma nova realidade de mercado ampliaram a demanda
por Programas Efetivos de Compliance. Este risco teve um aumento na percepção
de criticidade versus 2016.
3)Ameaças cibernéticas - O Ano de 2016 foi marcado por
ataques cibernéticos, roubo de propriedade intelectual, violação de bases de
usuários de grandes serviços de pesquisa e incremento de ataques ao serviço de
informação de centros médicos e hospitalares. Para o ano de 2017 o cenário tem
perspectiva de se manter, mas com algumas mudanças de foco pelos grupos que
visam utilizar as ameaças cibernéticas para gerar ganho rápido e fácil de
capital.
4)Inovações disruptivas e novas
tecnologias – subiu
para a categoria dos cinco principais riscos em 2017. No Brasil, presenciamos a
evolução das fintechs. Aplicativos como Uber, Zaz car e Bla Bla car ganharam
força no capitalismo colaborativo. O Airbnb ameaça diretamente as redes
hoteleiras e o Home Refill entra no mercado de e-commerce. No segmento B2B,
outra iniciativa do Uber, o Cargo X, promete revolucionar o transporte de
cargas. No varejo, a Amazon acaba de lançar a Amazon Go com conceitos
disruptivos, de loja sem checkout.
5)Segurança da informação – A gestão de segurança da informação é
cada vez mais parte da preocupação de todos os setores da economia mundial e
brasileira. Pesquisas indicam que quando se trata de controle sobre informação,
os maiores ofensores e geradores de incidentes são de origem interna, como
funcionários, parceiros e fornecedores. Os hackers representam uma média de 30%
a 40% dos eventos. Os números fazem com que as empresas adotem posturas preventivas
de segurança e classificação da informação, ampliando a notificação de casos
antes ocultos.
6)Capacidade de atrair talentos – Este risco se mantém como alto pela
quinta pesquisa consecutiva. A mudança no mercado de trabalho, com
envelhecimento da população, o aumento da complexidade dos mercados,
consumidores mais ativos e demandantes faz com que as organizações necessitem
investir mais para desenvolver e reter talentos apropriados a essa nova
dinâmica. No Brasil, a falta de mão de obra qualificada no Brasil agrava este
risco localmente.
7)Volatilidade nos mercados
financeiros e moedas globais
– Também apresentou um grande aumento em relação a 2016, principalmente por
conta das incertezas do Brexit, dos sinais de enfraquecimento da economia
chinesa e da oscilação do preço das commodities. Apesar de uma economia mais
fechada, o Brasil está exposto a este risco por ser um grande exportador de
commodities para o mercado chinês. Nos EUA, o governo Donald Trump pode levar a
um aumento da taxa de juros pelo FED, gerando uma saída de capital de mercados
emergentes como o Brasil e consequente desvalorização do Real frente ao dólar e
aumento da inflação, provocando lentidão na queda da taxa SELIC.
8)A cultura da organização talvez não
encoraje a identificação e escalonamento pontuais das questões de risco – A cultura de gestão de riscos ainda é
restrita no ambiente de negócios do Brasil. Treinamentos sobre gestão de riscos
e identificação de vulnerabilidades para os colaboradores, incentivos para
reporte tempestivo de potenciais problemas e política do tipo “Erga as mãos”
(Raise your hands) para reporte e escalonamento ainda são pouco comuns. Para
mitigar este risco, as empresas devem adotar um modelo de gestão de riscos
eficaz.
9)Resistência às mudanças no modelo de
negócio – Em um
ambiente de negócios cada vez mais fluido, existe grande preocupação das
empresas em não serem flexíveis o suficiente para questionar e mudar seu modelo
de atuação. Casos clássicos de obsolescência de empresas já foram presenciados,
em setores como filme fotográfico, locação de fitas VHS e de DVD.
10)Manter a fidelidade e reter
clientes – a pesquisa
mundial apontou relevância deste risco principalmente por conta da evolução e
mudança de hábito do consumidor e mudanças demográficas. No Brasil, é relevante
a mudança de hábitos do consumidor, principalmente por conta do cenário
econômico atual, havendo uma natural migração para bens de consumo mais baratos
e maior desapego a marcas. Marcas sólidas enfrentam desafios para manter seu
market share em um ambiente hostil de queda de venda.
“Apesar de
ter ficado em 11º lugar na pesquisa global, o risco de incertezas acerca das
lideranças políticas em mercados nacionais e internacionais deve ser
considerado como prioritário no Brasil.” complementa Rodrigo Castro, Líder da
Prática de Riscos da Protiviti.