Por Eduardo Borba*
A
situação macroeconômica, que começou a se agravar em 2014 e atingiu seu ápice
em 2016 com inflação, desemprego, aumento da taxa de juros e crise fiscal,
mostra os primeiros sinais de melhora e, ao que tudo indica, a economia volta a
se fortalecer. O pior já passou, mas também impeliu para um modelo de atuação
para a sociedade.
A
crise chegou por conta da insuficiência do governo, que não fez sua parte. O
efeito foi duro, mas talvez positivo. A Lava-Jato, por exemplo, resultou na
mudança de comportamento das empresas, transformando o modelo de se fazer
negócio para operações mais transparentes, sem perder o foco na especialidade
daquilo que se oferece. As empresas estão aprendendo a nova regra do jogo.
A
falta de previsibilidade da crise segurou os projetos e o mercado aprendeu a
conviver com esse paradigma, mas agora o que vemos é o governo lançando medidas
para conter os gastos, como a PEC 241, a terceirização, a reforma do INSS,
entre outras iniciativas, que devem incentivar a retomada da economia.
Os
primeiros sinais rumo à prosperidade já são visíveis. A Moody's, agência
internacional de risco, alterou a perspectiva do ratings dos títulos da dívida
do Brasil de negativa para estável. A justificativa da agência é que os
riscos de deterioração refletidos na perspectiva negativa estão diminuindo e as
condições macroeconômicas se estabilizando. Enquanto a economia apresenta
sinais de recuperação, a inflação declina e o cenário fiscal está mais claro.
Os
investimentos serão mais cautelosos por conta do contexto que estamos vivendo e
ainda vemos uma certa inércia das empresas. Os gestores sabem da necessidade de
iniciar novos projetos em áreas como a de Tecnologia da Informação, por
exemplo, porém, atualmente, qualquer investimento terá peso para a operação.
Fazer uma manobra é algo custoso, tanto em relação ao aporte financeiro quanto
em relação às consequências do legado que já existe e que um dia consumiu
outros investimentos. Essa situação está freando o apetite dos investimentos.
Porém,
ainda há uma luz neste túnel. Alguns setores nos mostram sinais de
movimentação. O setor financeiro deve ser o primeiro a prosperar, pois ele se
move à medida em que a economia começa a aquecer, haja vista que para se investir
é preciso emprestar dinheiro das instituições financeiras. O segundo é o
varejo, pois a população começa a consumir mais. E, por fim, a indústria, que
passa a atender a demanda da ponta e, consequentemente, começará a desengavetar
projetos congelados. E a partir dai a roda começa a girar novamente.
Depois
da pior recessão da história, estamos começando a prosperar, mesmo que
paulatinamente. Em TI, vemos um mercado preocupado com os investimentos já
feitos para o legado atual, que não poderá ser desperdiçado. Para o segundo
semestre de 2017, os investimentos serão pequenos e isso abrirá brechas para
projetos pontuais. Com isso, a área de tecnologia, começará a atender
pontos específicos por meio de investimentos fracionados.
Para
2018, uma nova onda deve surgir com o aumento de volume nos contratos por conta
da demanda da terceirização dos processos. As empresas estão entendendo que ao
invés de investir em projetos, é melhor terceirizá-los. O Blackbook da IDC
confirma que o Brasil terá uma maior demanda de terceirização de infraestrutura
se comparado com a demanda de terceirização de serviços. Isso porque estamos
carentes de infra para evoluir para novos serviços.
A
recuperação econômica do Brasil já está em andamento. Ainda que devagar o
momento é de estabilização e para aproveitar o início deste crescimento a chave
é a adaptação ao cenário. Todas as empresas, nesta retomada, precisarão de
investimento e de conhecimento para evoluir, porém, fazer isso dentro de casa é
lento e caro. Otimizando a infraestrutura das empresas poderemos acelerar seus
negócios. Além disso, não dá para as empresas ficarem experimentando novos
projetos. O momento é de assertividade para conter riscos, investindo de forma
fracionada.
*Eduardo Borba é presidente da SONDA,
maior companhia latino-americana de soluções e serviços de tecnologia.