*por Eduardo Borba
Diferente de outros
escândalos políticos, que revelaram práticas ilícitas em âmbito público, a Lava
Jato ganhou repercussão porque trouxe à tona o esquema de corrupção no mundo
empresarial. Este cenário acabou culminando no agravamento da crise econômica,
que passou a sofrer com a incredibilidade no mercado internacional.
Por outro lado este
movimento de pratos limpos trouxe um efeito colateral positivo: a pressão dos
mercados e consumidores por mais transparência corporativa, que fomentou a
criação da Lei Anticorrupção, vigente desde 2014, e que prevê a chamada
responsabilidade objetiva. Com isso, basta que algum colaborador, fornecedor ou
parceiro se envolva em atividade de corrupção ou lavagem de dinheiro para que a
empresa seja culpada, mesmo que se alegue desconhecimento.
O não cumprimento de leis
e regulamentos pode levar as empresas a pesadas multas e sanções legais e
regulamentares, além da perda de reputação. Por isso, vemos as organizações
brasileiras correndo para adotar medidas de compliance para preservar sua
imagem e patrimônio. Estamos diante de uma mudança histórica no País. A busca e
implementação dos programas de conformidade deverá aperfeiçoar a forma de
se fazer negócios, colocando o Brasil em um patamar internacional e
sustentável, além de, futuramente, erradicar a corrupção. Este é o desejo!
O efeito da adoção dos
programas de compliance deve introduzir diretrizes de conduta com objetivo de
coibir a prática fraudulenta e evitar atos ilegais por parte de funcionários,
parceiros e fornecedores. Internamente, dois pilares podem apoiar inicialmente
às organizações a nortearem as ações dos colaboradores: um código de ética e um
canal de denúncias. Este é o primeiro passo.
De acordo com estudo da
empresa de consultoria ICTS, o uso do canal de denúncia tem sido um mecanismo
em ascensão no âmbito corporativo brasileiro. Somente de 2014 para 2016 houve
um aumento de 45% no número de denúncias em 88 companhias pesquisadas. Isso
reflete que a ferramenta abre possibilidades de comunicação transparente,
objetiva e segura, permitindo às empresas identificarem e atuarem sob situações
que impactem nos negócios da empresa.
Para ter controle das
informações é fundamental contar com a tecnologia, que garante proteção para
não haver roubo de informação e controle e rastreabilidade de acesso, além de
assegurar normas de qualidade quanto às exigências de órgãos reguladores.
Mapeamento de dados, busca
na internet, registro de sistemas corporativos, análise de imagens e de dados
digitais, assim como a adoção do Big Data, são mecanismos de combate à
corrupção que somente podem ser operacionalizados com a ajuda da tecnologia da
informação.
Inicialmente, o compliance
parece um fardo adicional, mas, após a estabilização, tende a entrar no âmbito
da normalidade, quando os negócios serão mais lícitos em todos os aspectos,
atingindo um padrão de nível internacional. O compliance, que antes era
considerado um diferencial, hoje se tornou uma condição indispensável para não
ficar fora do mercado. Para o investidor, significa ter muito mais segurança no
retorno do seu investimento.
Para o Brasil, o legado da
Lava Jato é a educação que este movimento vai promover. A mudança tende a
eliminar um grande problema, que era a voz dos maus se sobressaindo ao silêncio
dos bons. Esse histórico denegriu negócios e agora todos estamos passando a ser
vigilantes. O comportamento está mudando e as pessoas mudarão as empresas.
*Eduardo
Borba é presidente da SONDA, maior companhia latino-americana de soluções e
serviços de tecnologia