por Alex Marin Silva*
O
bitcoin, espécie de moeda virtual, foi desenvolvido para confrontar a hegemonia
bancária. Ironicamente, tudo indica que sua tecnologia-base, o blockchain -
sistema de criptografia que dá suporte às transações com bitcoins - será
usada para fortalecê-la ainda mais.
O
Bitcoin despertou a atenção dos bancos no mundo todo não exatamente por sua
ideia de desafiar o sistema financeiro com a circulação de dinheiro virtual,
mas sim por seu sistema de criptografia icônico no processo de transformação
digital que vivenciamos atualmente.
O
blockchain funciona como um registro de transações e é baseado em um banco de
dados distribuído e descentralizado. Para hackear o blockchain, seria
necessário quebrar a criptografia de todos os blocos da cadeia, em todos os
computadores da rede e ao mesmo tempo, o que torna a tarefa virtualmente
impossível e confere um sistema seguro.
Comparado
a um livro-razão de todas as operações bitcoins, o blockchain foi descrito
pela The Economist,
em 2015, como uma tecnologia extremamente disruptiva, que permitirá inovações
nos sistemas de segurança dos bancos, tornando as transações muito mais seguras
e baratas do que são atualmente. É por isso que muitas instituições financeiras
trabalham arduamente para encontrar um ponto de ligação entre o blockchain e
seus sistemas de segurança
digital.
A
seriedade com que o mercado financeiro enxerga essa tecnologia é tão grande que
grandes players do segmento, como Nasdaq, Visa e Citi, já mergulharam em testes
para aplicar a segurança do blockchain em suas transações financeiras.
Segundo
estudo do
World Economic Forum, cerca de 10% do PIB global estará
em blockchain até o ano de 2027. Tudo aponta, portanto, que, com o
fortalecimento da transformação digital, as empresas migrem cada vez mais seus
serviços para nuvem, alcançando processos 100% digitais, o que inclui as
transações eletrônicas criptografadas que deverão, em breve, entrar no
cotidiano das empresas e dos consumidores.
Com
a globalização do capital financeiro, é necessário que as transações sejam cada
vez mais eficientes, baratas e menos sujeitas a vulnerabilidades. A tecnologia
blockchain permite exatamente isso, já que a descentralização e automação de
atividades de troca de valores e propriedade de fundos diminui custos de
transação, além de ser mais segura devido à verificação peer-to-peer.
Assim,
bancos, operadoras de crédito e bolsas de valores já estão testando a
utilização e aplicabilidade da tecnologia blockchain em seu dia a dia. É algo
que promete reduzir falhas, vulnerabilidades e custos de transação, portanto
aumenta os rendimentos de seus usuários e ajuda a superar
crises. Além disso, é uma tendência que condiz com a atual digitalização
das operações financeiras e bancárias, que crescentemente
deixam de ser realizadas por meio da circularidade das moedas e dos títulos de
valor mobiliário.
*Alex
Marin Silva é gestor de inovação
da SONDA, maior companhia latino-americana de soluções e serviços de tecnologia