O valor do Pró-Ética e do compliance

*Por Jefferson Kiyohara
                       
Num momento em que o combate à corrupção se fortalece, consequência da Operação Lava-Jato, uma iniciativa inovadora como o selo “Empresa Pró-Ética” precisa ser mais valorizada. A ação, promovida pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União (CGU), com apoio de entidades como Instituto Ethos, IBRACON, ETCO e outros, promove uma abordagem educativa e preventiva, um grande diferencial a favor do Brasil.
No mundo, as autoridades públicas tipicamente atuam de modo reativo através de um papel regulador, fiscalizador e sancionador, punindo empresas e pessoas por crimes financeiros, como corrupção, lavagem de dinheiro e outras ações ilícitas. O Empresa Pró-Ética, por outro lado, age antes de qualquer crime ser cometido, e busca criar condições para que ele não aconteça, ou ao menos seja rapidamente detectado e os responsáveis identificados. Isto porque é uma ação que incentiva a estruturação da gestão do compliance, bem como a fomentação de uma cultura de ética empresarial e conformidade.
Outro ponto a favor do Pró-Ética reside no fato de ser uma iniciativa democrática por permitir que organizações dos mais diversos perfis possam participar. Na edição de 2017, 23 empresas de portes diferentes e geografias distintas foram reconhecidas neste mês de dezembro. Essa amplitude reforça a acessibilidade para as organizações de todo o país.
É importante deixar claro que o Pró-Ética não é um objetivo em si. Ser reconhecido é consequência de um trabalho árduo que demanda minimamente alguns anos para a construção de um programa de compliance efetivo e a formação de uma cultura corporativa galgada na ética.
Ou seja, estruturar um Programa de Compliance efetivo é a meta real a ser perseguida pelas organizações, uma vez que o compliance ajuda a promover os negócios, reduzir as fraudes e perdas, além de proteger a reputação. Trata-se de um caminho sem volta, com muitos benefícios, pelo qual a sua empresa pode percorrer em 2018, seja dando os primeiros passos, seja evoluindo de patamar.
Já para as empresas que implantaram um Programa de Compliance efetivo e possuem um histórico, talvez seja o momento de buscar um reconhecimento público como o Pró-Ética. E que o fortalecimento da cultura ética e de conformidade continue em 2018, e permeie o ambiente de negócios no Brasil, cada um fazendo a sua parte.

*Jefferson Kiyohara é líder da prática de riscos & compliance da Protiviti, consultoria global especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Compliance, Gestão da Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.