*Por
Daniel Domeneghetti
Se os bancos fossem uma
grande fauna, quais tipos de operações e marcas personificariam o instinto
animal? Qual grife bancária seria um predador como os tubarões? Ou inerte feito
um paquiderme? Quem seria o mais camaleônico? E a cobra por agir rápido e
rasteiro nos negócios?
Diante da
selva disruptiva que se tornou o setor bancário, fruto da Transformação
Digital, não se sabe atualmente o grau de maturidade de disrupção e inovação
dos bancos. Todos se movimentam rumo à digitalização. Isso é fato. Mas quem dá
passos mais largos e quem atua mais timidamente?
Pensando
nisso, após o desenvolvimento do estudo “Régua da Transformação Digital no
Setor Financeiro”, eu tive a ideia de compartilhar as sete categorias
“selvagens” de player existentes no mercado atualmente com o objetivo de
materializar de maneira lúdica como o segmento bancário brasileiro se porta
frente à jornada da transformação digital. Lembrando que tais categorias não
estão ligadas à competividade geral dos bancos.
O ponto
de partida foi o darwinismo, que em linhas gerais afirma que os seres vivos
evoluem de acordo com a necessidade de adaptação à natureza. A natureza, neste
caso, é o meio digital e a adaptação reside na capacidade dos bancos em
suportarem as mudanças. Tem Zumbi Digital, Presas Futuras, Sobrevivente
Internos, dentre outros tipos de operações.
Na sua
opinião, o Itaú, considerado o maior banco privado do País, está enquadrado em
qual categoria? Descubra abaixo.
Zumbi
Digitais – São operações que ainda vivem no mundo web, não entendendo a diferença
entre web e digital porque estão mortos para a evolução. Os exemplos são Banco
da Amazônia, Sicredi, BMG, Modal, Fibra, Tribanco, ABC Brasil e Rodobens.
Inerciais –São organizações
poderosas, porém lentas. Atuam em várias frentes da transformação digital, mas
com fraca estratégia e modelo. Não transformam nada para a ótica de quem o
interessa, o usuário final, e, em geral, são reféns dos modelos de negócios e
mercados tradicionais. Neste modelo cabem Citi, Safra, Banrisul e Banco do
Nordeste.
Presas
Futuras – São operações menores, rápidas em responder a ameaças, mas que no
final costumam perder o jogo, sendo mortos ou adquiridos de forma subvalorizada
pelos sobreviventes, especialmente pela categoria dos Inerciais. Nesta
categoria enquadram-se Banco Votorantim, Banco Pan, Banco Alfa e Crefisa.
Wannabes – São marcas
relevantes do mercado que adotam evidências externas de transformação digital,
como aplicativos, por exemplo. São motivadas pelo novo, mas preferem parecer a
ser ou simular a fazer tudo por falta de coragem, recursos e competências. É
sucumbida por perceberem que vivem de aparência. Vale citar Daycoval, Pine, BTG
Pontual, Sofisa e Agiplan.
Sobreviventes
Eternos – Grupo formado por instituições líderes do setor bancário.
Protagonistas, são os players sobreviventes a todas as transformações de era
porque detêm ativos valiosos e são agressivos o suficiente para antecipar
tendências. Em linhas gerais, não propõem a disrupção, mas são rápidos em
reagir. Provavelmente estarão aí nos próximos 100 anos. Itaú, Bradesco,
Santander, Banco do Brasil e Caixa são a personificação do grupo dos
sobreviventes eternos.
Bichos
Diferentes – Nu Bank, Banco Original, Uno Bank, Neon e Inter fazem parte deste
grupo híbrido. Adjetivados como estranhos, porém muito inovadores, difíceis de
categorizar e imitar porque atuam em mercados diferentes, com lógicas e
propostas de valor diferenciados. Ameaçam a todos os demais players e causam
transformações definitivas nos mercados que atuam. É pura disrupção.
Smart
Killers – São pequenos e recentes, entretanto capazes de ameaçar grandes presas
sem serem percebidos inicialmente. Por isso, são comprados a preço de ouro pelo
nicho dos “Sobreviventes” e, principalmente, pelos “Inerciais”. O Next figura
sozinho como exemplo de marca neste critério.
Vimos que
em meio às pegadas da revolução digital já deixadas pelo mundo, o setor
financeiro sinaliza transformações intensas, puxadas por novos sistemas
tecnológicos, físicos e por que não biológicos – como vimos acima- capazes de
criar modelos inéditos nas suas estruturas corporativas globais. Basta saber
quem sobreviverá à mudança de era se adaptando “darwinisticamente” ao
seu hospedeiro maior, o cliente.
*Daniel Domeneghetti é especialista em inovação
corporativa e CEO da e-Consulting, boutique
de estratégia, líder em criação, desenvolvimento e implementação de serviços
profissionais em TI, Telecom e Internet para empresas líderes em seus mercados.