*Por Tatiana de Toledo
Quantos de nós já
estivemos em alguma palestra ou treinamento, seja como palestrantes ou público,
e vimos que grande parte das pessoas não está, de fato, prestando atenção? Se o
tema for Compliance, parece que se torna ainda mais claro que o interesse é
menor.
Por que ocorre tal
desinteresse? Será que há uma forma de tornar a comunicação em Compliance mais
efetiva? Não existe uma única resposta, mas existem alguns caminhos e
alternativas que podem ser adaptados à realidade de cada empresa ou situação em
que a comunicação precisar ser realizada.
O primeiro ponto é
entender que a maioria das pessoas não acha necessário prestar atenção em
treinamentos de Compliance por uma simples razão: já nos consideramos éticos e,
se por acaso não tivermos sido em alguma situação, sempre há uma boa
justificativa! E se somos éticos e corretos, é simples seguir qualquer
procedimento de Compliance, certo? Bem, mas não é exatamente isso que temos
visto por aí.
Hoje não basta ser ético,
tem que ser, parecer e conseguir provar! Desta forma, a primeira sugestão para
trazer a atenção das pessoas é tentar posicionar melhor a todos sobre o que é
ética e inseri-la no contexto do seu cotidiano. Sendo um treinamento
(presencial ou não), o mais fácil é incluir exemplos. Nesse momento,
provavelmente as pessoas vão se reconhecer ou mesmo lembrar de algum exemplo
que já tenham vivenciado. Melhor ainda é se quiserem compartilhar esses
exemplos com o grupo.
Outro ponto é evitar
termos muito técnicos ou jurídicos. Ainda que, muitas vezes, seja preciso
passar essa mensagem, que seja feito de forma mais leve e, novamente,
utilizando exemplos ou casos conhecidos.
Em grupos menores também
costuma funcionar bem a realização de estudos de caso ou mesmo dilemas para que
as pessoas discutam e assimilem melhor os conceitos que desejamos trazer.
Já em grupos maiores,
normalmente, é eficaz apresentar um vídeo ou algo que “quebre” um pouco a
dinâmica do treinamento e gere uma memória depois do evento. Muitas vezes não
vão lembrar do que o palestrante disse, mas sim do vídeo que assistiram. Uma
boa opção também é utilizar ferramentas e jogos, o que hoje já é possível fazer
através de aplicativos voltados para isso, tornando a comunicação muito mais
dinâmica.
E quando não se trata de
treinamento, o desafio é ainda maior! Como fazer um funcionário ler um
documento de 10, 20 páginas com atenção, foco e compreensão? Hoje em dia, se
alguém chegar até a décima linha de um texto já é lucro!
Cada vez mais temos que
investir tempo em criar normativos que sejam enxutos, objetivos, de fácil
compreensão e, de preferência, utilizando-se de ferramentas visuais como
imagens, quadros ou outras ilustrações que possam facilitar a leitura e,
novamente, gerar memória.
A manutenção da
comunicação em Compliance também é igualmente importante. Além do treinamento,
dos normativos, como a sua organização comunica sobre Compliance? É citado em
reuniões algum tema que envolva Compliance? Faz parte das pautas dos
executivos? Tem algum tipo de comunicação periódica para os funcionários? Os
funcionários conseguem ver ações de Compliance ao longo do ano? Um simples
e-mail sobre um tema é suficiente? Não há algo mais efetivo a ser feito? Essas
reflexões devem ser feitas, de forma a preencher as lacunas e tornar o
Compliance “vivo” dentro da organização.
O importante é sempre
tentar trazer à tona os temas de Compliance de forma mais leve, mais
estimulante e, portanto, mais efetiva. Dessa forma, é possível evitar que
algum assunto do universo de Compliance tenha que ser tratado, de maneira mais
pesada dentro de uma organização no futuro.
E aí, vamos falar de
compliance hoje?
*Tatiana
de Toledo
é gerente na
Protiviti, consultoria global especializada em Gestão de Riscos, Auditoria
Interna, Compliance, Gestão da Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.
Tatiana é certificada em Compliance pela International Compliance Association –
UK.