por Marcus Granadeiro*
Há
alguns anos havia poucas alternativas na geração de bases para os projetos de
engenharia. No projeto executivo, por exemplo, contratava-se serviços
topográficos, sendo que as curvas de níveis geradas por aerofotogrametria,
normalmente, eram utilizadas em fases preliminares. Em ambos os casos, as
curvas de níveis eram interpoladas e, assim, formavam a triangulação necessária
para a montagem da modelagem digital do terreno. Esta modelagem é utilizada
pelos softwares de projeto para cálculo de perfis, seções e volumes.
Atualmente, também se pode gerar esta modelagem com base na nuvem de pontos,
tendo esta nuvem inúmeras alternativas para sua geração.
A
nuvem de pontos nasceu com o escaneamento a partir de equipamento a laser,
fazendo uma leitura em 360 graus e gerando milhões de pontos. Ao utilizar
escâneres estacionários, normalmente, se faz mais de uma leitura, objetivando
cobrir eventuais "sombras" e ganhar mais precisão. Após captar os
pontos é preciso unir as nuvens em uma só nuvem por meio de um processo que
chamamos de registro.
Na
sequência, começou o uso de drones para geração das nuvens, não com laser, mas
com base em fotos. Como as fotos possuem a posição através de registro de GPS,
os softwares de processamento conseguem gerar uma "malha" baseada em
diversas fotos que vão sendo tiradas ao longo do voo. Conceito similar à
aerofotogrametria, mas com um volume de informações e variáveis maior.
E
não se parou mais, hoje há um mix de tudo e novas tecnologias e aplicações não
param de surgir. O importante é entender o que se pretende para planejar como
adquirir os dados e como aplicar a tecnologia de forma correta. Negligenciar
isto pode levar a desenvolver projetos sobre bases erradas ou gastar além do
necessário com precisão desnecessária.
Dentro
deste contexto, a importância da geomática para a engenharia cresceu muito. Não
é raro encontrar casos nos quais há diversas soluções válidas, principalmente
nas aplicações relacionadas à supervisão de obra, na qual o uso recorrente
ressalta para o bem ou para o mal a escolha realizada.
*Marcus
Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa
de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN (Autodesk Development
Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).