Levantamento envolveu mais de 700 lideranças ao
redor do mundo para saber como a fraude e os seus riscos são vistos pelas
companhias atualmente. Fornecedores são considerados a maior porta de entrada
para atos ilícitos
Uma pesquisa global da consultoria Protiviti, em parceria com a Utica
College, concluiu que a maioria das empresas não possui um programa efetivo de gerenciamento de risco de
fraude. Segundo o levantamento, feito com 748 lideranças globais, formadas por
profissionais da área de auditoria financeira, uma em cada cinco organizações
ouvidas para o relatório acreditam que não existam casos de fraudes em seus
ambientes corporativos.
Contudo esta não é a única
informação preocupante. Segundo o estudo, 43% das empresas
não possuem treinamento sobre ética e fraude para conscientizar os seus
colaboradores, mesmo que apenas 16% das organizações não tenham um profissional
especializado em auditoria interna responsável em gerenciar um programa de
risco de fraude.
O principal desafio para
construir uma forte cultura de combate à fraude, de acordo com 36% dos
executivos entrevistados, está no recurso limitado que as companhias
disponibilizam para criarem uma estratégia clara de risco de fraude.
Quanto ao relacionamento
com agentes externos, no geral, uma em cada três organizações não sentem
confiança em fornecedores por serem considerados uma porta de entrada para
violações que uma organização comete geralmente, tais como crimes cibernéticos,
fraude de fornecedores, propinas, tráfico de seres humanos e violações de
privacidade de dados.
Por aqui o cenário não é
diferente da realidade internacional constatada pela pesquisa, mas com um fator
alarmante a mais, segundo explica o porta-voz da pesquisa no Brasil, Alessandro
Gratão, líder das práticas de Auditoria Interna e Financial Advisory da
Protiviti. “Os riscos de fraude no Brasil são potencializados por questões
culturais como a burocracia; a baixa maturidade de processos internos; os
controles altamente dependentes de pessoas; a pressão situacional e conflitos
de interesses não mapeados; os investimentos limitados em auditorias interna e
também em segurança da informação”, exemplifica Gratão.
O executivo ressalta que
mesmo que a cultura da empresa seja abstrata, uma coisa é clara: desenvolver a
abordagem correta para auditar o risco leva tempo e planejamento
cuidadoso. E para qualquer negócio, o valor de empreender este processo
está em desenvolver uma melhor compreensão das causas culturais que criam
risco. Em suma, os comportamentos humanos.
“A qualificação e a
reciclagem dos profissionais que atuam nas ações de combate à fraude, assim
como acesso à ferramental de análise adequado, também são pontos importantes
para o gerenciamento dos riscos de fraude. Normalmente as empresas não estão
municiadas de tais recursos pela especificidade requerida, sendo que nestes
casos é recomendado a utilização de apoio de parceiros especializados que agem
por demanda, de forma preventiva ou em resposta a eventos adversos”, completa
Gratão.
Os números da pesquisa da
Protiviti confirmam a falta de práticas de combate à fraude nas empresas.
Segundo o recém-publicado estudo Report to the Nations, que é realizado pela
maior organização antifraude do mundo, a Association of Certified Fraud
Examiners (ACFE), somente em 2017, as empresas perderam mais de US$ 7 bilhões
no mundo todo. E o mais agravante é o quão demorado pode ser a descoberta da
fraude nas empresas, que chega a levar de 6 a 60 meses, sendo o impacto
financeiro e reputacional quase proporcional ao tempo demandado.
A versão completa da
pesquisa da Protiviti pode ser acessada através
do link: www.protiviti.com/fraudsurvey