por Marcus
Granadeiro*
Há um bom tempo se fala em
BIM (Building Information Modeling) e praticamente toda semana tem na agenda um
evento interessante sobre o tema, seja ele de um fabricante, de uma associação
ou, até mesmo, de grandes empresas querendo fomentar o tema entre seus
fornecedores e a cadeia produtiva.
Razões para implantar o
conceito de modelagem das informações de construção não faltam. Estamos em uma
crise, sendo que a busca por eficiência, produtividade e diferencial
competitivo são questões de sobrevivência. Portanto, não há dúvida que o BIM
funciona e veio para ficar.
A questão que se coloca é
o motivo de um processo tão lento de adoção, de tanta resistência e de tanta
dificuldade na implantação. A sensação que se tem é que após um evento ou uma
leitura sobre o tema as empresas ficam encantadas, entendem a necessidade,
porém uma certa paralisia acontece que não permite fazer acontecer.
Alguns falam da
característica conservadora do setor, outros avaliam que, por conta da crise,
não há recursos para desenvolvimentos e melhorias e há quem ponha a culpa na
complexidade da tecnologia, recordando de dificuldades passadas, assim como
outros culpam o cliente que não exige e nivela tudo “por baixo”.
Na minha opinião, o
principal freio ao BIM está na dificuldade das empresas do setor em inovar.
Inovar é essencialmente experimentar, a regra da inovação é errar, é saber
reconhecer o erro e mudar ou, na linguagem mais especializada, pivotar. A
engenharia civil e a arquitetura lidam muito mal com o erro, somos treinados
para não errar.
Não há uma fórmula para
implantar o BIM, não há o melhor software de modelagem, o melhor gerenciador, o
melhor sistema de 4D ou o melhor processo. Há o processo da sua empresa, o
adequado para o seu projeto, para o momento, para os objetivos. Ele deve ser
“vivo” e mutante. Implantar o BIM não tem começo, meio e fim, é uma jornada.
*Marcus
Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do
Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN
(Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered
Surveyours).