Por Daniel
Domeneghetti*
Como uma empresa pensa em inovação hoje
na prática? Existe um formato? É só ligado à tecnologia? São robôs? Espelhos
touchscreen, que permitem o consumidor escolher a melhor iluminação para provar
as peças, ou são monitores e interfaces que substituem gôndolas cheias?
É mais do que conceitos com ares da era
dos “Jetsons”. Inovar é fincar os pés na realidade. Primeiro de tudo, devemos
classificar o que é inovação. Tem inovação que é somente para a empresa e não
para o mercado, que a chamo de inovação de agregação. Tem inovação baseada em
algo já existente e melhora só um pouco, conhecida como inovação de incremento.
E tem inovação que redefine um mercado, essa é chamada de inovação de ruptura.
São tipos de inovação diferentes e
possuem vários sistemas de gestão. As empresas devem trabalhar com a
perspectiva dos três tipos. O terceiro é muito mais difícil, ainda mais em
mercado regulados e mais acessíveis em setores mais receptíveis ao novo, como o
varejo.
Para a trabalhar a inovação, as empresas
têm que pensar nisso o tempo todo. É preciso ter um macroprocesso de inovação,
horizontal na companhia toda. Também é necessário ter políticas que estimulem o
processo de criação para inovar. Não é apenas pedir para os colaboradores
inovem porque isso não é natural e precisa ser estimulado. Se não investir em
medidas de estímulo, a empresa sempre fará as mesmas coisas esperando
resultados diferentes. Esta é uma definição de ‘loucura’.
Na prática, dentro do conceito de
inovação, de não linearidade com o que se faz, é necessário ter sistemáticas
diferentes, que não são naturais. Às vezes, quem não faz parte delas nas
empresas acaba jogando contra e, às vezes, há descrédito, porque elas consomem
muitos recursos, mas os resultados não são aparentes.
Há diversos elementos que entram na mira
da inovação, porém não estão na equação simples. O próprio custo, o
investimento associado à inovação versus o resultado potencial é discutível.
Muitas vezes se coloca muito dinheiro num projeto que apresenta grande risco de
fracasso. Inovação é história de um em dez. Requer investimentos e estrutura,
tecnologia, programas de qualidade, perfil de profissionais qualificados. É
claro que o interesse no servir e o foco no cliente são coisas possíveis de
serem adotadas, mas o ferramental para dar escala para isso é mais complexo.
Nós estamos falamos de ruptura, de algo
que nunca foi trabalhado. Aprimorar tal ruptura é ação de gestão do dia a dia
da companhia. Comece a inovar no posicionamento e no relacionamento com o
cliente. São campos férteis para iniciar a inovação na empresa. É mais eficaz e
fácil de enxergar os resultados a médio prazo. Um atendimento exclusivo ali, a
inclusão de uma tecnologia de inteligência artificial acolá e outros itens com
foco nas melhorias da experiência do consumidor.
Lembre-se, por mais cruel que seja, a verdade sobre inovação nas empresas é única: ruptura não é para quem quer, é para quem pode! E inovar não acontece todos os dias.
*Daniel Domeghetti é especialista
em inovação corporativa, práticas digitais e CEO da DOM Strategy Partners,
consultoria 100% nacional focada em maximizar geração e proteção de valor real
para as empresas.