Por Késsya Curvo
Março de 2019 - Ainda que o Dia Internacional da
Mulher seja uma data de celebração, uma vez que a cada dia as mulheres
conquistam mais espaços e ganham mais voz em ambientes corporativos, políticos,
econômicos, esportivos, familiares e educacionais, essa também é uma data de
reflexão, planejamento e engajamento de toda a sociedade.
Não se trata da busca
pelo trabalho fácil ou por um ambiente que não tenha cobranças ou pressões, mas
sim a busca da mulher por um ambiente de trabalho igualitário e com as mesmas
oportunidades para homens e mulheres, sem discriminação pelo simples fato da
mulher ser mulher ou em razão de dogmas, paradigmas diferentes ou até mesmo por
sua aparência ou personalidade. O que a mulher busca é reconhecimento pela sua
competência e capacidade, sem qualquer rótulo, mas com o respeito que deve
prevalecer em qualquer ambiente.
Neste cenário, a estrutura
e um programa de compliance são determinantes para garantir um ambiente
propício e efetivo nas conquistas das mulheres dentro do ambiente corporativo.
A área tem a missão de adequar as políticas da companhia aos seus princípios e
valores, visando sempre combater a discriminação, os abusos e a violência,
estimulando, sobretudo, a igualdade de gênero.
A realidade do compliance
nas empresas e no cotidiano das mulheres traz reflexos sólidos e eficazes no
exercício das atividades profissionais, principalmente por permitir e garantir
que elas possam atuar com mais segurança, confiança e igualdade de
oportunidades, sem que tenham que renunciar às suas carreiras em virtude das
dificuldades e barreiras encontradas em ambientes nocivos e não aderentes à
nova realidade e às normas de trato social.
Não à toa, programas
efetivos nas companhias mundo à fora tem protegido e estimulado cada vez mais a
participação feminina em posições e carreiras que, até então, eram exercidas
quase que integralmente por homens. E tudo isso feito com integridade e ações
sérias voltadas primordialmente para a disseminação da informação e mecanismos
de transparência na apuração de desvios.
A área de compliance
dá o suporte à organização com treinamentos que reforçam os conceitos de
igualdade e melhores práticas de mercado, fortalecendo, assim, a companhia com
a adoção de medidas igualitárias, que ampliam o rol de ações cotidianas de
combate às distorções de conduta e ao assédio, de forma a tornar o ambiente
mais competitivo e equiparado. A mudança de cultura é a chave necessária para a
transformação e a forma mais adequada para alcança-la é com informações claras
sobre os objetivos, valores e visões da companhia.
Késsya Curvo |
O que antes se conversava
de forma restritiva, hoje passa a ser discutido abertamente em busca de
soluções e alternativas para garantir a igualdade no ambiente de trabalho.
Grande parte dessa conquista se deve ao fato de a mulher ter encontrado sua voz
e o apoio necessário dentro dos muros e estrutura das empresas.
Além de ajudar a esclarecer
dúvidas sobre condutas a serem adotadas, o compliance garante o
anonimato e a segurança jurídica necessária para apurações de eventuais desvios
de conduta e que vão contra os princípios da empresa. Contudo, é importante
reforçar que essa prática não tem o objetivo de restringir a atuação dos
profissionais. Ao contrário, tem a missão de prover informações e instruções,
além de buscar a correção de comportamentos inadequados que, por vezes, é
confundida com limitação de liberdades. A bem da verdade, a missão da estrutura
de compliance é proteger as liberdades, provendo informações e
treinamentos que visam coibir condutas discriminatórias, assediadoras e que vão
de encontro com a ética da companhia.
Além dos treinamentos
executados pelas companhias, há o Canal de Denúncia, que se traduz em uma
ferramenta de grande valia para as mulheres, já que garante a confidencialidade
e retira a sensação de que a parte mais fraca será prejudicada, pois resguarda
a identidade do denunciante e garante a devida apuração das denúncias sobre
comportamentos que estejam em desconformidade com o Código de Conduta e Ética,
bem como de práticas socialmente toleráveis, como elogios e brincadeiras, que
acabam denegrindo, diminuindo ou constrangendo a mulher em seu ambiente de trabalho.
As denúncias apuradas
devem ser analisadas por um Comitê de Integridade multidisciplinar no qual a
participação de conselheiras em sua composição traz um olhar diferenciado e
enriquecedor, contribuindo para as discussões dos temas com paradigmas complementares
às análises das denúncias e às melhorias ao seu programa de compliance.
Importante reforçar que a
influência do programa de compliance, nas atividades desempenhadas pela
mulher dentro do ambiente corporativo, traz resultados não só para a companhia,
que terá um ambiente mais integrado, respeitoso, produtivo, com mais
resultados, com colaboradores mais felizes e satisfeitos, reduzindo assim a
rotatividade de pessoas e a perda de informações, mas também traz impactos no
ambiente familiar e econômico, já que as companhias terão mais mulheres
contribuindo para a renda familiar e consequentemente, para a economia do país,
gerando assim mais demanda em produtos e serviços.
Convidamos a todos a
refletir em como podemos melhorar o nosso ambiente de trabalho sem privar a
atuação na relação cotidiana, buscando ainda um ambiente transformador com mais
igualdade de oportunidades, respeito nas relações e atenção ao valor feminino
nas corporações, já que a cada dia as mulheres vêm ocupando o seu espaço e evidenciando
as suas qualidades e competências.
Késsya
Curvo é gerente de Compliance da SONDA, maior companhia latino-americana de
soluções e serviços de tecnologia