por
Marcus Granadeiro*
Abril de 2019 - Com a crise, há uma
motivação extra das empresas para se movimentarem e se reinventarem. Inovar
deixa de ser uma opção para ser uma necessidade. Este é um desafio normalmente
complexo para qualquer área, mas ele se torna muito maior quando essa demanda
ocorre num setor tradicionalmente conservador, como é o caso da construção
civil.
Notadamente, um dos caminhos preferidos
para acelerar a inovação é a busca por parcerias com startups. Trata-se de um
universo que envolve incubadoras, desafios, coworking e fundos de
investimentos. Este modelo atrai mentes, empreendedores, ideias e busca a
inovação por meio de estruturas que conseguem encontrar novos processos,
pivotar e validar de forma mais competente e ágil que as empresas constituídas.
Olhando no retrovisor para entender essa
estrutura, vale lembrar que este caminho nasceu do conceito de inovação aberta,
desenvolvida no início dos anos 2000 pelo professor Henry Chesbrough, da
Universidade da Califórnia. O fio condutor desta abordagem se baseia no fato de
que nem todos os profissionais inteligentes trabalham para a mesma empresa,
assim como desenvolver um bom modelo de negócio é melhor que ser pioneiro no
mercado, ou seja, não é preciso ser o dono da ideia para poder se beneficiar
dela.
Não há dúvida de que este é um caminho
interessante, porém há outros que estão sendo esquecidos ou subutilizados. A
inovação pode acontecer através do canal de fornecedores estabelecido por meio
de alianças, de licenciamentos ou até mesmo através de acordos de OEM (Original
Equipment Manufacturer), ou seja, quando um parceiro agrega alguma inovação
como parte de um sistema.
As startups são, por definição,
organizações temporárias projetadas para pesquisar modelos de negócio
replicáveis e escaláveis. Uma vez tendo sucesso, elas deixam de ser startups e,
se contratadas, passam a ser fornecedores e, a partir daí, precisam ter
processos e passam a se preocupar com entregas e com a qualidade. Isso
significa que, nos atuais projetos de inovação, elas deixariam de estar no
radar para outras inovações. Sendo assim, o framework de inovação deve abranger
as operações no modelo scale-ups, ou seja, aquelas que crescem o negócio
de forma escalável, sem aumentar os custos na mesma proporção, e as demais
empresas do ecossistema de fornecimento.
Esta necessidade fica ainda mais
premente quando pensamos que o objetivo não é apenas buscar por inovar nos
produtos e nas ofertas, mas também aplicá-la nos processos, seguindo o conceito
da transformação digital. O ecossistema aberto de inovação não deve ficar
restrito a grandes empresas e startups, mas a todo o ecossistema que gira em
torno dela, envolvendo fornecedores, startups ligadas a eles ou diretamente à
empresa, assim como os próprios concorrentes e até mesmo empresas de outro
setor. O lema é manter a mente aberta. E você, já arquitetou o seu ecossistema
de inovação?
*Marcus
Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP,
presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro
da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of
Chartered Surveyours).