por Carlos Guimar*
180 dias de apreensão.
Poderia ser nome de filme, mas é o tempo que já correu contra a efetividade dos
rumos da segurança pública no Brasil. A expectativa era grande a pensar que a
temática de segurança foi a plataforma prioritária da campanha eleitoral do
atual governo federal. O agravante torna-se maior quando parte do staff
deste governo vem das fileiras militares. É inacreditável todo este marasmo.
Só nos restar criar a famosa
dualidade entre expectativa versus a realidade. Sei que não é tarefa fácil. São
inúmeras as ações para colocar ordem na casa. Implantar uma nova cultura,
trazer uma base sólida para aplicabilidade duradoura, tirar atrasos de outros
governos, desmistificar assuntos enraizados (talvez desde a colonização),
retrabalhar em temas presos a leis já aprovadas e atuar fora de uma base old
school política ainda remanescente.
Carlos Guimar |
Entretanto, parece que não há
uma clara ideia dos dirigentes deste governo de que tudo o que atenta contra a
vida da população é de caráter urgente. Ações direcionadas ao ver e agir não
vieram ainda, pois os fatos do cotidiano refletem a nossa sensação de
insegurança.
Por vezes, o pouco que ouvimos,
nos remete a um passado recente dos discursos de campanha. O tempo hábil é
gasto para desmistificar fake news ou travar (quando não incendiar)
guerras ideológicas. Enquanto isso, a violência cresce, amedronta as cidades e
estampam as páginas dos jornais todos os dias.
Nós brasileiros sentimos
falta de comunicação direta e de fácil entendimento como resoluções primárias
para o problema da segurança. Soa estranho quando autoridades dão palpite nas
questões de segurança de outros países. É preciso olhar para dentro. Só podemos
ajudar aos demais quando estivermos fortes com a casa faxinada.
Precisamos de ações práticas
e com resultados visíveis. O problema já é conhecido e, dificilmente, será
erradicado de imediato, mas é preciso começar. O que ainda se espera de forma
imediata são ações de choque para controle nas fronteiras por terra, água e ar;
bloqueio nos presídios e se ter o ciclo completo da polícia.
Quebramos a logística do
crime não deixando passar pelas fronteiras armas (força e fonte de renda) e
drogas (fonte de renda); retiramos os canais de comunicação e, por
consequência, desnorteamos os sentidos dos porta vozes do crime (cabeças
pensantes) disciplinando presídios; fortalecemos as linhas táticas da segurança
pública (inteligência e ataques coordenados), vamos ao menos tirar de forma
imediata os excessos e desta maneira abrir caminho para junto com projetos e
leis coerentes – leia-se modernas e justas - alcançar o que precisamos para os
próximos 180 dias não serem tão catastróficos quando os que se findam.
*Carlos
Guimar é especialista em segurança pública e privada e diretor
associado de segurança empresarial na ICTS Security, consultoria e
gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.