por
Marcus Granadeiro*
Agosto de 2019 – Uma
reflexão que merece ser realizada é sobre quais os motivos que levam o setor de
Engenharia e Construção a ser tão conservador. Conceitos muito simples de
entender, como os benefícios do BIM (Building Information Modeling), que são
relativamente baratos de serem implantados, estão levando anos para se consolidar.
Outras metodologias, já presentes em outros países, como a digitalização de
canteiros e realidade virtual, ainda parecem ficção científica para nós,
brasileiros.
São diversos motivos que
levam o setor a ser atrasado, mas, certamente, um deles é que a engenharia é
feita por engenheiros.
Marcus Granadeiro |
Na busca por inovação, o
segredo é observar, ver o que está errado e “pivotar”, ou seja, mudar o que
está dando problema e voltar a tentar tornar a errar de novo e, assim, seguir
até dar certo. A preocupação não é deixar de errar, mas corrigir rápido o erro.
Nós, engenheiros,
fomos educados para planejar nosso trabalho, para fazê-lo minimizando erros e
otimizando recursos. Diante deste cenário, o dar errado, não ter previsto algo
e ter resultados distintos do previsto ou do projetado, dói e é difícil de
aceitar.
Este é o problema.
Para inovar, o acerto é exceção, a regra é dar errado. Então, na adoção de uma
técnica nova, de um novo software ou de um novo processo, só saberemos se vai
funcionar e quais serão os resultados se os colocarmos em prática. A chance de
não atender plenamente nossas expectativas, de perdemos dinheiro ou de não dar
certo é alta, mas isso não pode ser colocado como um problema. Ganha-se
conhecimento, ajusta-se ou tenta-se de novo. Só assim, de forma gradual e
contínua, há avanço e, consequentemente, inovação.
O medo de dar errado nos
paralisa. Há muita movimentação, leituras, seminários, visitas, demonstrações e
poucos corajosos se aventurando. Os “fracassos” destes pioneiros são usados
como consolo dos que ficaram inertes e, assim, o setor continua sem inovar.
Há um problema: o
mundo é plano, a banda passa e o tempo voa. Precisamos mudar nosso mindset e
mudar este jogo antes que o setor, que está parado, seja atropelado por quem
está andando.
*Marcus
Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do
Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN
(Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered
Surveyours).