por Carlos Guimar*
O
Rio de Janeiro foi cenário de mais um sequestro de ônibus na semana passada.
Porém, no caso da Ponte Rio-Niterói percebe-se uma evolução se comparada com o
emblemático episódio do ônibus 174, ocorrido em junho de 2000.
Uma
simples análise das imagens do comportamento dos profissionais de segurança
pública envolvidos nos dois eventos é o suficiente para entender que os agentes
aprenderam com os erros, que no 174 custou a vida de uma refém. É visível que
estes saíram para buscar competência técnica e houve muito treinamento.
A
maturidade foi mostrada na operação e também no discurso do Comandante do Bope
(Batalhão de Operações Especiais), responsável direto pela ação de resgate,
quando disse que atingiram 99% do resultado esperado, pois salvaram todos os reféns,
mas tiveram que atirar no autor do delito e não conseguiram o manter com vida
para que respondesse à justiça pelos seus erros. Nenhuma conotação autoritária,
ou até mesmo política, mas sim técnica e profissional.
Carlos Guimar |
O
ponto que vale trazer para discussão é que este fato, que ainda está em fase
conclusiva de investigação, nos leva inicialmente a uma ocorrência de sequestro
premeditada. Entretanto, existem outros delitos que acabam evoluindo para um
quadro similar. Um exemplo é numa situação em que um crime está ocorrendo e a
polícia chega no momento, fazendo com que marginais façam pessoas de refém e
exista a necessidade de uma negociação visando a preservação da vida e a prisão
dos bandidos.
Estar
dentro de uma situação desta não é uma questão de escolha. Um comportamento
indevido que faz com que você se torne um alvo fatal ou que saia bem
fisicamente pede alguns padrões básicos a serem seguidos.
Inicialmente,
se estiver ocorrendo um assalto, a orientação direta é “não reaja”. Se no
decorrer deste evento houver a chegada da polícia, pode haver ou não um
confronto inicial e, caso ocorra um confronto com disparos de arma de fogo, vá
imediatamente para o chão, diminua a silhueta e desta forma a sua exposição.
Na
sequência, se não for resolvido na primeira investida policial e passando para
uma negociação entre policiais e marginais, é muito importante atentar para
alguns comportamentos listados abaixo:
●
Nunca reaja e mantenha uma postura passiva, demonstre que você não oferece
riscos aos sequestradores;
●
Não realize movimentos bruscos ou qualquer ação que demonstre agitação ou
incômodo;
●
Mantenha as mãos sempre a mostra;
●
Siga as ordens emitidas pelos sequestradores e nunca os insulte, simulando
ameaças ou falando palavrões;
●
Nada de heroísmo ou risco desnecessário, e considere não utilizar comunicação
pelo celular, existe o risco de ser descoberto e de ocorrer represália;
●
Sempre considere que todo armamento e demais meios utilizado pelos
sequestradores são reais;
●
Procure controlar o pânico e coletar, se for possível, o maior número de
informações (quantos são, características físicas, quantos estão armados...).
Este tipo de informação será útil no caso de conseguir comunicação segura e
controlada com as forças policiais (você pode ser um dos reféns liberados
durante a negociação) e, também, em fase posterior ao sequestro nas
investigações;
●
Proteja-se de possíveis tiros no momento da invasão dos policiais;
●
Siga as instruções das autoridades durante o resgate.
Afinal,
como iniciamos este nosso bate papo, temos uma segurança pública a quem devemos
creditar confiança para que a ordem se restabeleça de forma rápida e ordeira, e
saber se portar nos dará uma garantia de sair da melhor maneira do problema.
*Carlos
Guimar é especialista em segurança pública e privada e diretor
associado de segurança empresarial na ICTS Security, consultoria e
gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.