Por Cyro Diehl*
Mercados globais vivem dias de pânico
após a confirmação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o coronavírus
está configurado como uma pandemia, ou seja, uma epidemia amplamente
disseminada nos quatros cantos do mundo. A notícia surtiu efeito na bolsa. O
índice Dow Jones, de Nova York, caiu 9,71% e o Nasdaq 4,70% na última
quarta-feira, dia 11. Nesta mesma data, o Ibovespa cedeu 7,64% e o dólar
comercial encerrou em alta, quase chegando a cinco reais.
Devido ao aumento do número de casos
confirmados do novo coronavírus, diversos setores da economia brasileira já
sentem os impactos nos negócios. Uma fábrica de eletrodomésticos em Taubaté,
interior de São Paulo, lançou férias coletivas para 200 funcionários após o
desabastecimento de insumos para a fabricação de celulares e computadores. Na
zona portuária de Santos, um ponto de atracação foi instalado para receber
embarcações com tripulantes que possam estar contaminados. Até o mercado de
IPOs se retraiu ante à tal turbulência e fez o banco Daycoval adiar a sua volta
à bolsa de valores, marcada para abril.
Como se vê, ao passo que o surto se
espalha, o cotidiano do brasileiro fica cada vez mais afetado. Home-offices,
esquemas de revezamento de funcionários, conteúdos orientativos e até
cancelamentos de viagens estão entre as reações mais comuns das empresas,
seguindo o mercado econômico global. Tão necessário quanto instaurar medidas
paliativas de combate ao coronavírus é rever emendas fiscais para ajudar as
empresas a saírem melhor desta pandemia.
A Casa Branca, por exemplo, está
aliviando medidas de benefícios fiscais, garantias de empréstimo, reembolso a
trabalhadores por pagamentos perdidos, além de apoiar as pequenas e médias
organizações e dar suporte a companhias aéreas, hotéis e outros negócios
vigentes deste setor. Já na Itália, atual epicentro da doença, o governo
suspenderá os pagamentos de contribuições para a segurança social e hipotecas
como formas de brecar os danos econômicos originados pela disseminação do novo
coronavírus.
O Brasil, sendo um dos focos, com mais
de 200 casos confirmados até o dia 15 de março, segundo o Ministério da Saúde,
poderia pegar carona a exemplo da Inglaterra, destinando incentivos às empresas
mais impactadas pelo comportamento preventivo da população contra o coronavírus,
isentando temporariamente os impostos para os negócios na área de lazer e
varejistas, bem como a eliminação de determinadas taxas estaduais e municipais
para lojas, cinema e restaurantes.
Por enquanto, o movimento mais consistente por aqui é a aprovação
de um requerimento dos Deputados Federais que sugere ao Executivo nacional a
proibição das exportações e o tabelamento de preços dos Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) como máscaras e álcool gel. A caixa de máscaras, por
exemplo, subiu de 90 centavos para R$ 11, segundo informação dada pelo
presidente da Anvisa, Antônio Barra.
É necessário colocar cenários em prática
para combater os sintomas econômicos do Covid-19 antes de haver um choque
econômico incontrolável com a mesma magnitude da crise ocorrida em 2008. Fica a
dica para sugestão e a pergunta: O que mais pode ser feito?
* Cyro
Diehl é CEO
na Taxweb, pioneira em Digital Tax para o Compliance Fiscal das empresas.