Por Gislene Sousa*
Práticas de
integridade são cada vez mais presentes nas empresas brasileiras e, no mercado
de agronegócio, não é diferente. Algumas companhias do setor possuem programa
de integridade, guiados, principalmente, por um código de ética, cuja
finalidade é propiciar um ambiente corporativo mais transparente, com menos
probabilidade de corrupção e outros atos ilícitos.
Entretanto,
ainda falta efetividade e maior robustez por parte das empresas quando o
assunto é compliance no agronegócio. O recado é valido para todos os âmbitos do
mercado, desde as gigantes, com suas vulnerabilidades expostas na cadeia de
fornecedores, por exemplo, até as cooperativas, que precisam estar atentas aos
riscos do trabalho informal, podendo denotar como trabalho análogo ao escravo.
Mesmo com o
advento do “Selo Agro Mais Integridade”, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que
premia a conduta ética e sustentável de empresas do agronegócio desde 2018, o
que se nota é que, ao passo da ampla divulgação do tema, muitas organizações
ainda não entraram na rota correta para proteger seu negócio, sua reputação e
seus profissionais. Falta muito a fazer.
O caminho para
a consolidação efetiva da governança corporativa no meio rural está em oito
passos práticos, não resumidos somente na adoção de um código de ética.
Figuram-se neste octógono ético o apoio da alta administração; uma estrutura
dedicada para implementar e manter programas de compliance; um projeto de
mapeamento de riscos; treinamento e comunicação aplicável a todos os
colaboradores; diligências de integridade para a contratação de terceiros;
monitoramento e auditoria, e, por último, a criação de um canal de denúncia
para relatar de ações ilícitas, tais como corrupção, assédio e condições insalubres
de trabalho.
O agronegócio
não está imune aos problemas de corrupção, fraude, crimes ambientais e
desrespeito às leis trabalhistas, e por isto a importância de valorizar uma
iniciativa como o “Selo Agro +
Integridade” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As
inscrições da edição 2020-21 do Selo Agro+ Integridade começam em 02 de março
de 2020.
As organizações que vislumbram
os benefícios de um programa efetivo de compliance vão além do mero atendimento
de um requisito legal. É um investimento que gera frutos. São melhorias na
cultura organizacional da organização, na redução de custos com fraudes e
sanções, e, também, na atração e retenção de talentos, dentre outros ganhos.
O Programa de
Compliance pode começar pequeno, mas precisa ter raízes fortes e ser nutrido
para ramificar. E, como resultado de um trabalho árduo, dará muitos frutos, por
anos e anos. Que tal participar desta colheita?
*Gislene
Sousa é
gerente de Compliance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para
gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e
privacidade de dados, única empresa de consultoria reconhecida como Empresa
Pró-Ética por quatro vezes seguidas.