por Marcus Granadeiro*
A Transformação Digital pode ser resumida nas
mudanças necessárias para que empresas nascidas em tempos pré-internet consigam
se manter e competir no mundo atual. Bem além de implantar novas tecnologias,
estas mudanças estão relacionadas à alteração do modo de pensar, também chamado
de mindset. Para melhor compreender os cenários e desenvolver estratégias para
a Transformação Digital, deve-se analisá-la dentro do espectro de seus cinco
domínios: clientes, concorrência, dados, inovação e valor.
Não há dúvida que a mudança para a metodologia
BIM (Building Information Modeling) é uma das estratégias da transformação
digital para a engenharia e construção se transformarem e já não existe o
dilema de ir ou não para o BIM, mas quando e como ir. Pensando em estratégia de
negócio, cada caso é um caso, não há fórmula mágica, porém o caminho é analisar
os domínios da transformação digital, entender os novos cenários e buscar o
posicionamento e a lucratividade dentro de cada um deles.
Um dos pontos é a convergência do processo BIM
com os demais processos, pois a sinergia e os ganhos aumentam muito com a
digitalização e integração. Um processo de compras não automatizado, uma
topografia tradicional e procedimentos de qualidade antigos criados na era
pré-BIM além de não terem sinergia com o BIM podem se transformar em
obstáculos. Assim, observamos nos melhores cases do mercado a convergência das
implantações BIM com implantações de projetos em aplicativos para celular e
tablets e com inovações em controle de qualidade e supervisão de obra por meio
de equipamentos e tecnologias emergentes.
Neste novo cenário, o cliente deve fazer parte e
estar integrado, muitas vezes a concorrência passa a ser aliada e parceira, os
dados se transformaram em valioso ativo e inovar não é mais um luxo, é
necessidade. No entanto, todas estas mudanças não alteraram um antigo conceito
relacionado a valor, no qual se sabe que a corrente é tão forte quão seu mais
fraco elo. Assim, a digitalização não pode ficar restrita ao modelo, pois desta
forma grande parte do seu valor estaria sendo desperdiçado.
Digitalização de processos, continuidade do fluxo
de informação ao longo da cadeia de valor, integrações e entrega de modelos e
dados que gerem valor sob a visão do cliente são os pontos-chave para uma
implantação BIM de sucesso. Implantações como essas nunca vão ser consideradas
caras, mas serão vistas como o melhor investimento a ser feito.
*Marcus
Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP,
presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro
da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered
Surveyours).