por Eduardo Masulo*
O cenário da pandemia da Covid-19 ajudou a
explosão de vendas do e-commerce, pois permitiu o conforto de receber os
produtos em casa com a segurança necessária exigida no momento, além dos prazos
de entrega cada vez menores. Mas, fica aqui uma reflexão aos leitores: o
que acontece do momento em que você clica confirmando a compra até o momento do
efetivo recebimento?
Quando a compra é gerada, o produto em estoque é
separado, embarcado no veículo de transportes e, dependendo do CEP de entrega,
há uma incerteza se o produto chegará no seu destino. Isso porque as avarias e
os roubos são uma realidade, principalmente nas maiores metrópoles do País. No
Rio de janeiro, por exemplo, o baixo policiamento devido ao efetivo
insuficiente, somado à falta de políticas públicas de inclusão e ao abandono do
Estado, propiciam um ambiente cujo as únicas leis obedecidas são locais e realizadas
por seus "donos" que portam fuzis. Entregar em determinadas regiões
exige estratégias diferenciadas, estudos, além de profissionais de segurança
capacitados.
Diante deste cenário, uma realidade cada vez mais
comum é a de embarcadores desistirem de realizar entregas em determinadas
regiões devido aos altos riscos, renunciando, assim, as vendas. Mas, será essa
a solução, a de segregar regiões e aumentar ainda mais a desigualdade social?
Imagina você, morador de uma região crítica que vive preso em correntes
imaginárias sob regras do poder paralelo, ter que caminhar longas distâncias
para poder comprar um determinado produto, pois o fornecedor tem grande
dificuldade de realizar a entrega. Em algumas situações, é preciso pagar pela
entrega e, ainda assim, há a necessidade de retirar o produto em um ponto que
não é o seu endereço.
Há duas dores sob este cenário: o
consumidor que compra e, por vezes, não tem o pedido atendido devido à
violência da região e o fornecedor que se vê em uma sinuca de bico tendo que
efetuar a entrega em regiões deflagradas, onde imperam o poder paralelo, seja
por traficantes ou milicianos fortemente armados, expondo a vida de motoristas
e patrimônios de transportadores e cargas, além da imagem da empresa, é claro.
Por isso, muitas empresas recorrem a escoltas armadas, fator que encarece o
preço final da compra e ainda assim não é garantia de sucesso.
A logística precisou evoluir para acompanhar às mudanças de cenários ou aceitar
as perdas milionárias e, o pior, a transferência de clientes para a
concorrência. Os cenários de violência não param de crescer nos grandes centros
e ignorar isso é contar os dias para a falência. Mas saiba que existe solução.
As empresas que contrataram profissionais de segurança capacitados largaram na
frente e fazem entregas em áreas deflagradas com riscos controlados. Para isso,
as estratégias devem ser bem desenhadas com ações direcionadas para trazer
maior segurança, aumento de credibilidade das marcas, além de mais vendas.
Por fim, a complexidade do universo nesse mundo
“paralelo” de entregas pode ter uma solução ao se investir numa estrutura de
segurança particular. As empresas que entenderam que a segurança é um
investimento e não um custo, certamente desfrutam de melhores resultados.
*Eduardo Masulo é consultor sênior na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.