por Luis Fernando Barbosa*
O
Índice de Percepção da Corrupção 2020 revela um número surpreendente de países
que mostraram nenhuma ou pouca melhora no combate à corrupção. A pesquisa
divulgada pela Transparência Internacional no início de 2021 demonstra que
Brasil está na 94º posição junto com a Etiópia, Cazaquistão e Tanzânia, entre
outros países. Houve uma evolução quanto ao posicionamento do Brasil mesmo em
um cenário catastrófico como o da pandemia se comparado a 2019, quando o País
estava na 106ª posição do ranking de um total de 180 países.
Podemos
afirmar que a transparência e a agilidade no combate à corrupção é um resultado
alcançado com o uso de soluções tecnológicas em todas as empresas no setor
público e privado. Há menos de uma década, todas as informações sigilosas ou
essenciais para a operação de uma empresa tramitavam em formato físico, o que
dificultava o acesso às informações e favorecia a diversas fragilidades de
controle, facilitando a perda ou o extravio dos dados.
Atualmente
vivemos na era digital e as empresas necessitam cada vez mais de tecnologias
para soluções na gestão dos seus processos e controles corporativos. Desta
forma, é necessário implementar diversas camadas de segurança para garantir que
fraudes e extravios não ocorram. Contudo, mesmo com a implementação desses
mecanismos de segurança e com a Lei Anticorrupção, o Brasil ainda alcança uma
posição pouco privilegiada no ranking, podendo ser considerado um país altamente
corrupto.
Para
mudar os índices de corrupção por aqui, precisamos modificar o que favorece
esses tipos de ações. As empresas públicas e privadas estão investindo e
aprimorando cada vez mais em recursos tecnológicos para auxiliar no combate à
corrupção. Contudo, ainda é bastante comum a mídia noticiar um novo escândalo
de milhões de reais envolvendo alguma fraude nas grandes organizações.
Para
prevenir e aprimorar os controles, as empresas devem possuir a capacidade de
monitorar e acompanhar de forma inteligente as atividades que são executadas
pelos seus colaboradores, independentes da forma de atuação, sendo ela remota
ou presencial. Os softwares de monitoramento normalmente possuem a
flexibilidade e a compatibilidade com a maioria dos sistemas corporativos e,
com a adição de uma equipe especializada, é possível identificar, dentre os
milhares de registros e logs, ações e atividades suspeitas que podem prevenir
algum ato de corrupção interna.
Entretanto,
esse tipo de atividade não descarta a existência e a necessidade de abertura de
uma investigação interna. Atualmente, as investigações dependem da tecnologia
para conseguir dar uma resposta rápida para os executivos e garantir toda a
legitimidade legal do processo. Constantemente novas tecnologias são
implementadas nos processos investigativos, como a busca em sistemas que
consolidam informações de forma inteligente de base pública ou privada ou até
mesmo a transcrição de áudio com tecnologia Machine Learning, no qual o sistema
é capaz de aprender novos termos e gírias utilizados na comunicação por voz.
Podemos
acreditar que, com o apoio das novas tecnologias preventivas e corretivas em
conjunto com a mudança de comportamento dos executivos e dos funcionários,
conseguimos prevenir qualquer ato de corrupção e, mesmo quando algo estiver
fora do controle, podemos contar com a tecnologia para dar uma resposta rápida,
inteligente e com transparência. Avançando com esses pontos e, claro,
melhorando toda a cadeia e cultura existente, tanto na rede pública como
privada, podemos aprimorar a classificação e imagem do Brasil no ranking geral
de combate à corrupção e, consequentemente, nos tornamos uma sociedade melhor.
*Luis Fernando Barbosa é gerente sênior de tecnologia forense na
ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos,
compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.