por
Daniela Coelho*
Março de 2022 – Passados dois anos da pandemia do Coronavírus, estamos novamente
discutindo uma crise que, mais uma vez, pode trazer consequências globais. A
guerra que está se desdobrando na Ucrânia neste momento como consequência da
invasão russa trará não só desastres humanitários e econômicos, como também já
está gerando impacto no mundo corporativo e empresarial.
Diante deste
cenário, listei alguns questionamentos trazidos por executivos neste momento
para as empresas estarem atentas.
1. Sua
organização tem sistemas e dados hospedados no EUA? Se for alvo de
cibercriminosos, afinal, a guerra também tem a frente cibernética, há um plano de
reação? E se for o caso dos seus clientes ou fornecedores chaves serem
atingidos?
2. Quais os
eventuais impactos de sanções que serão aplicadas pelos países do ocidente para
a Rússia, inclusive no aspecto de compliance?
3. Sua
organização, seus principais fornecedores ou clientes têm dependência do
mercado russo ou ucraniano? Tem projetos financiados direta ou indiretamente
por esses países?
4. Commodities
como petróleo, gás, trigo e milho estão em alta no mercado internacional. Seu
negócio depende destes insumos? Se sim, é importante se preparar para mais
inflação.
Os exemplos
acima talvez já estejam presentes na matriz de riscos corporativos de algumas
empresas. Sabe-se que cada uma possui seu próprio nível de tolerância a riscos,
de acordo com a sua cultura e seu modelo de negócio. Mas a capacidade e a
agilidade para responder a situações de crise depende também da condição de
seus parceiros e fornecedores para reagirem tão rapidamente quanto à urgência
esperada pela empresa.
Com a pandemia,
muitas empresas tiveram que aprender “na marra” sobre planos de contingência e
comitês de crise. Aquelas que entenderam que situações de crise podem
ocorrer a qualquer momento e por motivos diversos - desastres naturais,
terrorismo, ataque hackers – certamente usaram esses dois últimos anos para
mapear seus riscos e desenvolver seus planos de continuidade de negócios.
De acordo com as
notícias divulgadas sobre a cobertura da guerra, muitas empresas ucranianas já
estariam executando os planos de contingência que haviam criado para manter os
negócios funcionando.
Isso reforça que
as empresas não devem esperar serem surpreendidas pelas crises para se
prepararem. É claro que a pandemia do Coronavírus ultrapassou qualquer situação
imaginável até então. Mas, vale lembrar que não somente os grandes eventos
globais merecem atenção. Em nosso País, são inúmeros os casos de acontecimentos
que geram interrupções. Enchentes e deslizamentos, por exemplo, ocorrem com
grande frequência, atingindo muitas cidades brasileiras, causando mortes,
destruição e perdas financeiras. Vide o que presenciamos em Petrópolis
recentemente.
Em um mundo cada
vez mais instável, não podemos mais contar com a sorte para a gestão dos
negócios. As empresas precisam identificar e se antecipar aos cenários.
*Daniela
Coelho é diretora de Gestão de Riscos e ESG da ICTS Protiviti, empresa
especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria
interna, investigação e proteção e privacidade de dados.